Entenda a disputa por PL e União Brasil no Ceará e qual o impacto nas próximas eleições

A força dos partidos pode ajudar nas articulações da corrida eleitoral

A pré-campanha eleitoral no Ceará tem sido marcada pela disputa do comando de dois partidos que podem alterar as forças de grupos adversários no Estado: PL e União Brasil.  

A filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL se deu praticamente no mesmo período em que a Justiça Eleitoral autorizou a fusão entre PSL e DEM, criando, assim, o União Brasil. 

Com a chegada do presidente ao PL, a legenda passou a ter os rumos indefinidos em termos de aliança no Ceará. Comandado pelo prefeito de Eusébio, Acilon Gonçalves, a sigla era até então fiel ao grupo do governador Camilo Santana (PT). 

Acilon é visto como um prefeito influente, já que é líder de parte dos gestores do litoral leste, como Aquiraz, Cascavel, Pindoretama, Beberibe e Itaitinga. 

Logo após a filiação de Bolsonaro, o PL cearense, portanto, passou a ser alvo de disputa entre o atual presidente, Acilon, e o grupo bolsonarista no Estado, representado pelo deputado federal Jaziel Pereira (PL) e o deputado estadual André Fernandes, que se filiou ao partido com a intenção de presidi-lo na campanha de reeleição. 

Fernandes tem declarado que o presidente Jair Bolsonaro prometeu a presidência do partido a ele. A movimentação ameaça a saída da legenda do grupo do governador.  

Acilon, no entanto, tem resistido no comando do PL. Em meio aos boatos de bastidores, o fato é que a condução da agremiação no Estado permanece com o prefeito de Eusébio. 

Estratégias? 

Discreto, Acilon não costuma dar declarações públicas em cenários de polêmica. A presença do prefeito em Jati, durante ato com a presença do presidente da República, acendeu a possibilidade de aproximação com o grupo bolsonarista no Ceará como estratégia para manter o comando do partido. 

Capitão Wagner, que é pré-candidato a governador com o apoio de bolsonaristas, chegou a declarar que o dirigente estaria mudando de lado e com grande possibilidade de fechar acordo com a candidatura de oposição ao governador para as eleições de outubro. 

No entanto, nenhum movimento oficial chegou a ser anunciado nos dias seguintes ao ato público. 

União Brasil 

Assim como o PL, o União Brasil está no fogo cruzado entre camilistas e bolsonaristas. Antes da fusão, o deputado federal Heitor Freire comandava o PSL, e o agora senador em exercício Chiquinho Feitosa liderava o DEM. 

Antes da fusão, Capitão Wagner estava em conversas avançadas com Heitor Freire para se filiar ao PSL, inclusive ganhando o posto de presidente estadual. 

Com a fusão, porém, Wagner precisou combinar interesses com Chiquinho, que é aliado do governador Camilo Santana.  

O presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar — que é rompido politicamente com Bolsonaro — esteve no Ceará e reuniu parte das lideranças que poderiam engrossar as fileiras do partido. 

Nesse encontro, Wagner estava lá e teria recebido a confirmação do dirigente que o partido ficaria com ele assim que fosse liberado pela Justiça Eleitoral. 

Desde então, o deputado federal tem convidado lideranças oposicionistas do Ceará para se filiar à nova legenda. Um evento está sendo preparado para filiar as novas lideranças nas próximas semanas. 

Enquanto Wagner dá como certo a sigla nas fileiras da oposição, Chiquinho segue em silêncio sobre qual papel terá nessa transição. Estratégico, o dirigente não tem dado declarações públicas sobre a disputa interna. 

Em meio à queda de braço, quem esteve com Bivar nesta semana foi a suplente de deputada federal, Gorete Pereira. Filiada ao PL, e insatisfeita com o cenário de indefinição, a ex-deputada busca um rumo partidário. 

Aliada do governador Camilo Santana, Pereira recebeu convite de Bivar para se filiar ao União Brasil. Segundo ela, não há definição por parte da presidência se o partido no Ceará penderá para a base ou para a oposição. 

O assunto, segundo ela, ainda está longe de ser solucionado. 

Composição 

A disputa pré-eleitoral por esses partidos é explicada pela força que essas legendas tem na composição das campanhas estaduais. O PL, atualmente, possui 43 deputados federais e é a terceira maior bancada na Câmara dos Deputados. 

Quanto maior a bancada, mais tempo de televisão para a candidatura estadual e maior é a fatia do dinheiro público para a campanha local. 

Antes dessa queda de braço, o PDT no Ceará contava com a força do PL no litoral leste e com a aliança antiga com o dirigente do DEM. 

Capitão Wagner, principal nome da oposição, sabe o quanto é importante desfalcar o grupo governista com dois partidos de forte musculatura eleitoral. 

O União Brasil, por exemplo, deve se tornar o maior partido da Câmara dos Deputados, com cerca de 81 parlamentares. 

A disputa por essas duas legendas pode ajudar a equilibrar a balança eleitoral para a oposição no Ceará ou fortalecer ainda mais o grupo governista, que segue no comando do Palácio da Abolição desde 2007.