A decisão do PDT de escolher o ex-prefeito Roberto Cláudio como pré-candidato ao Governo pelo partido em detrimento da atual governadora Izolda Cela tem um aspecto de ineditismo na história política do Ceará. Em 20 anos, é a primeira vez que um chefe do Executivo do Estado não disputará a reeleição.
A última vez em que algo semelhante ocorreu foi em 2002, quando o então governador Beni Veras – que assumiu após a renúncia do governador Tasso Jereissati (PSDB) para disputar vaga no Senado – não concorreu à reeleição no pleito daquele ano.
No entanto, neste caso, Veras não tinha pretensões de concorrer ao cargo. Após assumir, ainda em abril de 2002, ele precisou ser operado às pressas para a retirada de um tumor na próstata. A necessidade de dedicar-se ao tratamento médico afastou o político do rol de cotados para disputar a reeleição.
No caso de Izolda, a mandatária – que é a primeira mulher a assumir o cargo mais alto do Executivo no Ceará – já havia manifestado diversas vezes a intenção de disputar a reeleição. Ela foi lançada como pré-candidata, assim como Roberto Cláudio. Além deles, o PDT também lançou o deputado federal Mauro Filho (PDT) e o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão (PDT).
Na disputa interna da sigla, Izolda ganhou força e polarizou a disputa com Roberto Cláudio. Nesta segunda-feira (18), ficou sob responsabilidade do diretório estadual da sigla colocar um fim na disputa. O grupo de políticos decidiu então, por 55 votos a 29, indicar o ex-prefeito de Fortaleza para representar o grupo governista.
Inédito
Desde 1998, a reeleição passou a ser permitida no Brasil. À época, no Ceará, o então governador Tasso Jereissati usou esse direito para disputar novamente o Governo. Ele foi reeleito e seguiu à frente do Executivo até 2002.
Foi com a saída de Tasso, em abril de 2002, que o vice-governador foi alçado ao cargo de governador, mas não chegou a disputar a reeleição. Naquele ano, o grupo governista lançou Lúcio Alcântara para disputar a sucessão de Beni Veras. Os tucanos saíram vitoriosos do pleito.
Quatro ano depois, Lúcio disputou a reeleição – ainda que a contragosto de parte do PSDB –, mas foi derrotado no pleito por Cid Gomes (PDT).
O pedetista, que tomou posse em 1º de janeiro de 2007, foi reeleito e ficou no cargo até 31 de dezembro de 2015, passando o cargo para seu aliado, o governador Camilo Santana (PT).
O petista disputou a reeleição em 2018, sendo reeleito com uma votação histórica, atingindo 79,2% da preferência do eleitorado cearense. Camilo renunciou em abril deste ano, de olho em uma vaga no Senado Federal, deixando a cadeira no Governo do Ceará para Izolda Cela.
Camilo-Izolda
O ex-governador é um dos principais articuladores da pré-candidatura de Izolda Cela. No último dia 8 de julho, ele manifestou publicamente, pela primeira vez, o apoio ao nome da colega de chapa.
“Na vida pública sempre busquei ser justo e leal. Meus irmãos e irmãs cearenses são testemunhas da minha história. Defender que seja dado à governadora Izolda Cela, do PDT, o direito a buscar a reeleição, por sua seriedade e competência, é questão de justiça”, publicou Camilo.
Já nesta segunda-feira (18), ele lamentou que Izolda não saiu vitoriosa da disputa interna no PDT.
"Lamento muito que a primeira mulher governadora do Ceará não poderá concorrer à reeleição, após decisão do PDT. Siga firme, Izolda! O Ceará tem muito orgulho de sua força e determinação"