Com o retorno dos trabalhos legislativos na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), a CPI das Associações Militares também deve retomar a investigação de suposto envolvimento das entidades no último motim dos agentes de segurança, que ocorreu em fevereiro de 2020. A prioridade dessa nova fase da comissão são os depoimentos das testemunhas já convidadas no final do ano passado.
Presidente da AL-CE, o deputado Evandro Leitão (PDT) disse que a CPI deve seguir o "trâmite normal". "Tivemos a prorrogação e teremos mais 120 dias para que ela possa ser concluída", afirmou.
Presidente da comissão, o deputado Salmito Filho (PDT) explica que ainda não existe uma data para a primeira reunião, mas que a perspectiva é retornar o mais rápido possível.
"Vai ser o momento de ouvir os depoimentos. Nós enviamos todos os ofícios convidando esses depoentes (em 2021). Se alguém se recusar, não vier, aí nós iremos utilizar a nossa prerrogativa de convocar. Mas, no primeiro momento, nós nem convocamos, nós estamos convidando", afirma o parlamentar.
Os testemunhos devem se juntar aos documentos já recebidos pela CPI de diversos órgãos - como o Ministério Público Estadual, o Ministério Público Especial da Promotoria Militar e as próprias Associações - para dar fundamentação ao parecer elaborado pelo relator da CPI, Elmano Freitas (PT).
"Nós passamos o mês de janeiro de recesso das reuniões públicas, mas as reuniões internas... Inclusive o relator se comunicou algumas vezes comigo, ele trabalhou intensamente com a assessoria dele. E, para além das nossas assessorias, dos demais deputados membros da CPI, a equipe técnica também tem trabalhado estudando e organizando esse número de informações que nós já recebemos", ressalta Salmito.
Investigação em ano eleitoral
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as Associações Militares foi instalada em agosto de 2021 e teve prazo estendido no final do ano passado por mais 120 dias. Ainda com poucos resultados práticos, as reuniões da comissão foram palco de diversos bate-bocas entre parlamentares da base aliada ao governador Camilo Santana e da oposição, ligada ao deputado federal Capitão Wagner.
Com a chegada do ano eleitoral e a pré-candidatura de Wagner ao Palácio da Abolição, a tensão no colegiado pode ficar mais intensa. Apesar disso, Salmito afirma que o objetivo é que não haja "nenhum tipo de alarde, de teatro" durante as investigações.
"É uma investigação serena, responsável, cuidadosa. Aqui é uma casa política, mas nós não vamos partidarizar a CPI. A CPI é composta por deputados de diversos partidos, respeitando a proporcionalidade partidária aqui da Casa, mas nós não estamos partidarizando os trabalhos da CPI", ressalta.