Se por um lado o prefeito José Sarto (PDT) enfrentou divergências dentro do próprio partido na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) por conta da votação da Taxa do Lixo, é na "oposição" que o pedetista tem conseguido avançar na conquista de apoios no Legislativo.
Já com amplo apoio no Parlamento municipal, Sarto viu o grupo se fortalecer ainda mais com a dança das cadeiras ocasionada pela eleição de outubro do ano passado e pela fusão dos partidos Pros e Solidariedade prevista para esse ano.
Na disputa eleitoral do ano passado, os vereadores Carmelo Neto (PL), Antônio Henrique (PDT), Larissa Gaspar (PT) e Sargento Reginauro (União) foram eleitos para a Assembeia Legislativa do Ceará (Alece).
Com a mudança, a oposição foi enfraquecida com as saídas de Carmelo e Reginauro. Por outro lado, Veríssimo Freitas (Republicanos) e Pedro Matos (PL) – que ocuparam essas cadeiras – tomaram posse já com uma postura de proximidade com a Prefeitura.
"Em alguns momentos de discussão, eu estou me aliando contra o Governo do Estado e muitas vezes isso acaba se alinhando com o PDT na Casa. Depois de conversas com o prefeito, falei de algumas matérias minhas. Eu argumentaria dizendo que hoje eu estou, de certa forma, construindo relações, mas mantendo uma independência", declarou Pedro Matos.
Embora o PL tenha se fortalecido nos últimos anos, com figuras mais conservadoras e de direita – o que em tese o posiciona como adversário de partidos à esquerda –, nomes do PL como Ana Aracapé e Tia Francisca integram a base de Sarto em Fortaleza. Enquanto isso, Priscila Costa e Inspetor Alberto permenecem como opositores ferrenhos do prefeito.
Ao todo, o PL tem a segunda maior bancada da Casa, com seis parlamentares. Com a saída de Carmelo Neto, agora a maioria é inclinada para a base do prefeito na Capital.
Disputa pela liderança
Em maio do ano passado, o PL foi alvo de uma disputa pelo comando da sigla na Casa. O partido tinha como líder de bancada a vereadora Ana Aracapé, mas uma manobra de bastidores encampada pela oposição tentou colocar na função um parlamentar opositor.
O movimento foi justificado pelos vereadores alegando ser o partido do então presidente Jair Bolsonaro, ou seja, de oposição ao grupo do prefeito. A legenda, agora, ganha nomes que mudam a conjuntura do partido na Câmara.
Fusão
O Pros, que deixará de existir, também vai interferir no tamanho da base do prefeito na Câmara. O vereador Bruno Mesquita (Pros) anunciou ida para o PL. No entanto, já adianta que vai se firmar na base aliada.
Mesquita é ligado ao prefeito Sarto e afirma que sua ida ao PL é fruto de uma conversa com o próprio prefeito, com o deputado federal Júnior Mano e com o presidente estadual do partido, Acilon Gonçalves. O parlamentar chegou a ser convidado para outra sigla, mas declinou.
Já o vereador Márcio Martins (Pros), que é líder da oposição, diz que ainda não decidiu em qual partido ficará ou se irá se filiar em alguma sigla.