Em visita ao Ceará nesta segunda-feira (19), o ministro da Educação, Camilo Santana (PT) preferiu evitar embates, dias após o presidente do PDT Ceará, deputado federal André Figueiredo (PDT), ter criticado "obras paralisadas" em Fortaleza durante gestões dele, de Izolda Cela (sem partido) e de Elmano de Freitas (PT).
Sem citar o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), Camilo fez um aceno à gestão municipal da capital cearense. "As questões políticas, a gente resolve isso na época da eleição", disse o ministro ao ressaltar que é necessário "unir as três esferas de governo". Sarto é um dos principais aliados do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), que tem liderado a ala do PDT que preferiu ficar na oposição ao governador Elmano de Freitas.
As declarações ocorreram durante a inauguração de novas instalações do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Durante a solenidade, Camilo mencionou a parceria com o Governo do Ceará e citou, em tom de lamento, a ausência de um representante da Secretaria de Saúde de Fortaleza. Ao saber que o secretário Galeno Taumaturgo estava presente, ele pediu para que este subisse ao palco.
"As questões políticas, a gente resolve isso na época da eleição. É importante que a gente possa unir as três esferas - governo federal, governo estadual e governos municipais - porque o nosso compromisso e responsabilidade é trabalhar pelo povo", disse Camilo, na sequência.
Na coletiva de imprensa realizada após a inauguração, Camilo disse que não iria responder às críticas feitas por André Figueiredo.
"Eu não vou comentar esse tipo de informação. A população do Ceará nos conhece, sabe o nosso trabalho, reconheceu nas urnas. O que nós vamos fazer agora é arregaçar as mangas - eu, o Elmano, presidente Lula - e trabalhar pelo povo cearense, pelo povo de Fortaleza".
O foco, segundo o ministro, é "no trabalho administrativo". Camilo também preferiu não responder sobre a disputa pela Prefeitura de Fortaleza em 2024. No último sábado, o líder do Governo Lula na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT), ressaltou que o PT terá candidatura na capital cearense e que nenhum nome está descartado.
Também indagado sobre as críticas feitas por Figueiredo, o governador Elmano de Freitas disse que iria "seguir o conselho do ministro Camilo". "Trabalhar mais, mais e mais. A melhor resposta é trabalhar cada vez mais", disse o governador.
Crise no PDT
As críticas feitas por André Figueiredo às gestões estaduais - algumas das quais o PDT integrou a base aliada - aprofundaram a crise vivida pelo PDT no Ceará.
“Nossa Terra da Luz segue com sua beleza comprometida por obras inacabadas do Governo do Estado, principalmente na Praia de Iracema, lugar histórico e ícone turístico da capital cearense”, escreveu Figueiredo no Twitter na última quarta-feira (14). Na publicação, ele destacou obras como a Linha Leste do Metrô de Fortaleza e também usou imagem do Acquário do Ceará - obra iniciada pelo ex-governador e agora senador Cid Gomes (PDT).
Figueiredo, no entanto, negou que a publicação seja uma crítica ao correligionário.
"Impressionante a obsessão em fazer uma intriga minha com o senador Cid Gomes. Minha postagem sobre as obras paradas em Fortaleza são muito claras. Cid deixou de ser governador há 9 anos. Seus sucessores fizeram o que em obras estruturantes que ele iniciou? Absolutamente nada!", escreveu, novamente no Twitter, na última sexta-feira (15).
As falas do deputado, no entanto, acabaram gerando críticas tanto de pedetistas como de petistas. Deputados federais e estaduais reforçaram a antiga aliança entre PT e PDT - que deram sustentação às gestões de Cid, Camilo e Izolda.
Muitos parlamentares do PDT, inclusive, são aliados do Governo Elmano, apesar do partido ter, oficialmente, liberado os filiados quanto ao posicionamento em relação ao governo estadual. Figueiredo tem tido também o comando do PDT Ceará questionado, já que Cid Gomes reforçou, em mais de uma ocasião, ter interesse em assumir o diretório estadual do partido.