Após os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, reagirem às ameaças do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra as eleições, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), rompeu o silêncio neste sábado (10), mas sem criticar a postura do aliado.
"Nossas instituições são fortalezas que não se abalarão com declarações públicas e OPORTUNISMO. Enfrentamos o pior desafio da história com milhares de mortes, milhões de desempregados e muito trabalho a ser feito", afirmou Lira no Twitter destacando a palavra "oportunismo".
O deputado federal pontuou que "o Brasil sempre será maior do que qualquer disputa política". Lira é o responsável, por lei, por decidir sobre o arquivamento ou a sequência de pedidos de impeachment contra o presidente da República.
Aliado de Bolsonaro, Lira tem em sua gaveta mais de 100 pedidos, mas tem dito não ver razão para dar prosseguimento a nenhum deles. Em sua primeira manifestação neste sábado, nas redes sociais, disse que a Câmara "avançará nas reformas, continuará a ser o poder mais democrático e plural do País".
A sequência de tuítes do presidente da Câmara se encerra dizendo que seu compromisso é com o crescimento e a estabilidade do país. "Deixemos que o eleitor tenha emprego e vacina, que deixe o seu veredito em outubro de 2022 quando encontrará com a urna; essa sim, a grande e única juíza de qualquer disputa política. O nosso compromisso é e continuará sendo trabalhar pelo crescimento e a estabilidade do país", escreveu.
Novos ataques de Bolsonaro
Em breve discurso realizado durante "motociata" em Porto Alegre (RS) neste sábado, o presidente da República, Jair Bolsonaro, voltou a criticar o ministro Luís Roberto Barroso e reiterou sua defesa pelo voto impresso nas próximas eleições.
"O que o Barroso quer é a volta da roubalheira, a volta da fraude eleitoral", disse Bolsonaro. Pouco antes, o presidente usou palavras duras sobre o ministro do STF, acusando-o de defender a pedofilia e o aborto.
Bolsonaro também fez críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chamou de "aquele de nove dedos", para, em seguida, dizer que "teremos o voto impresso e auditado".
O presidente também voltou a defender o uso da cloroquina em seu discurso, falando do estado de saúde de um dos senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). "Tem agora um elemento, um senador da CPI que está com Covid, quero saber se ele vai ficar em casa ou se vai tomar cloroquina", disse Bolsonaro, sem citar o nome do senador.
Reação às ameaças de Bolsonaro
Neste sábado, presidentes de oito partidos de direita, centro-direita e esquerda divulgaram uma carta afirmando que não aceitam nenhuma forma de ameaça à democracia.
O texto, assinado pelos comandos de DEM, MDB, PSDB, Novo, PV, PSL, Solidariedade e Cidadania, também indica confiança no atual sistema eleitoral brasileiro.
"A democracia é uma das mais importantes conquistas do povo brasileiro, uma conquista inegociável. Nenhuma forma de ameaça à democracia pode ou deve ser tolerada. E não será", diz a carta.
A manifestação segue dizendo que, nos últimos 30 anos, o Brasil acompanhou muitos embates políticos, mas sempre houve "salutar alternância de poder, soubemos conviver com as diferenças e exercer com civilidade e responsabilidade o sagrado direito do voto".
Sistema eleitoral é confiante, dizem partidos
"Temos total confiança no sistema eleitoral brasileiro, que é moderno, célere, seguro e auditável. São as eleições que garantem a cada cidadão brasileiro o direito de escolher livremente seus representantes e gestores. Sempre vamos defender de forma intransigente esse direito, materializado no voto", diz o texto divulgado pelos partidos.
A carta termina afirmando que "quem se colocar contra esse direito de livre escolha do cidadão terá a nossa mais firme oposição".
Assinam o texto ACM Neto (DEM), Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB), Eduardo Ribeiro (Novo), José Luís Penna (PV), Luciano Bivar (PSL), Paulinho da Força (Solidariedade) e Roberto Freire (Cidadania).
As manifestações de Lira e dos dirigentes partidários foram divulgadas no momento em que Bolsonaro começava um passeio de moto com apoiadores em Porto Alegre.