Praça do Ferreira, Fortaleza, véspera das eleições gerais de 2018. Movimento no fim de tarde de um dia quase comum no coração da Capital. Assim sendo, a pulsação no peito do próprio Ceará. A política domina as rodas de conversa de aposentados, vendedores e apostadores de toda idade.
No Centro da cidade, a Coluna da Hora contrasta com outra coluna: a de militantes pagos com bandeiras de partidos e candidatos. Perfilados, eles agitam hastes frágeis com o mesmo ânimo com que se movem os ponteiros do relógio alto e histórico.
O burburinho está logo ao lado, em frente ao Cine São Luiz. Dois homens se desentendem em três atos: aposta, arrependimento e quase briga. A turma da paz evita o pior. Um dos homens só observa. As apostas dele são outras, eleitorais, e sem desistências. Prefere não mencionar o nome, mas detalha as intenções. Quer ganhar R$ 2 mil empenhados na praça com outros aventureiros. Investiu dinheiro em candidatos proporcionais e majoritários.
"A Presidência é que tá em alta aqui, viu?", sinaliza. Uma dupla apostou R$ 50 mil entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). A disputa à Câmara dos Deputados também agita a Praça do Ferreira com dois candidatos distintos.
O setentenário Professor JK, "como me conhecem", é alheio a apostas, mas confia no poder do voto como uma certeza democrática. O velho jovem de 28 anos, Jocélio Menezes, mora na rua com mulher e filho. Daí a lonjura de tempo. Corre devagar para quem espera muito. E, sim, ele ainda espera. "A gente tem que acreditar na política, né? Tem que ter esperança", diz, enquanto observa a pequena cria do mundo. Há esperança. O coração ainda pulsa.