Uma das principais vozes do forró e dona de hits inesquecíveis, Solange Almeida chega aos 50 anos com a maturidade de quem sabe o que é inegociável para ela. Com 38 anos de carreira, a baiana que escolheu o Ceará para viver diz que abriu mão de algumas coisas para se tornar dona de sua carreira. Há sete anos em carreira solo, Sol lembra que foi muito boicotada em seu reinício e criticou os monopólios no forró em entrevista ao podcast Que Nem Tu.
"As pessoas me viraram completamente as costas. Não ser contratada pra determinados eventos. Existe um monopólio. Aqui só entra o fulano, aqui só entra sicrano. E aqui não tem espaço se não faz parte desse grupo aqui. Infelizmente existe isso. E aí é o que eu digo a você: não tem preço para mim. Eu não negocio, entendeu? Hoje eu não canto com quem eu não quero. Mas assim, isso não é que eu vá tirar alguém da minha grade se eu for contratada. Eu não tenho medo de cantar com ninguém. Desde que aquilo não vá contra o que eu acredito, contra a minha índole, contra a minha paz", declarou a cantora e compositora.
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Sol, que se prepara para gravar seu próximo DVD '50/50" em um show beneficente na Arena Castelão na próxima semana, refletiu sobre como o mercado do forró é competitivo e ainda mais difícil para artistas femininas. "A mulher é sim vítima. Existem cidades que não contratam mulheres no período junino, que a grade é votada especificamente para homens", pontuou.
"Hoje quando se fala de grandes nomes da música, têm muitas mulheres, mas poucas são valorizadas. Até o ritmo, infelizmente, ainda é muito discriminado. Quando eu fui indicado ao Grammy Latino, não tinha uma categoria, e ainda não existe uma categoria. Criaram uma categoria chamada de 'Raízes', mas na época eu tive que engolir e ouvir palavras terríveis porque o meu álbum tinha sido indicado ao álbum de música sertaneja. E muitas pessoas, inclusive pessoas do sertanejo, tacando a madeira em mim porque eu não devia estar ali naquele momento. Por quê? Porque não tinha uma categoria que encaixasse a minha música"
Ela falou ainda sobre como se tornou mais segura com sua imagem, como tenta desconstruir a imagem de perfeição que artistas costumam alimentar dentro e fora das redes sociais, os impactos da gordofobia que sofreu por muitos anos e as inseguranças que precisa lidar com a chegada dos 50 anos. Quem vê Solange sem maquiagem e filtro no instagram nem imagina que esta mulher também sofre, em alguns momentos, com a síndrome de impostora.
"Às vezes eu tenho insegurança como mulher. Esses 50 me trouxe muita insegurança. Eu tô cheia de inseguranças com essa chegada dessa idade agora, sabia? Às vezes eu chego num lugar e eu digo: 'Meu Deus, será que as pessoas vão cantar a minha música?' Eu tô colocando uma coisa que eu não tinha falado antes, da insegurança. Embora eu me olhe no espelho e me ame, me admire, mas eu tô cheia de incógnitas aqui", compartilhou ela que também relata que vem precisando ouvir mais os "eu te amo" dos filhos e marido.
Sol falou ainda sobre bastidores de grandes hits, contou sobre a relação com os filhos, parcerias que marcaram sua carreira e também sobre o que vem pensando para o futuro.