Faltou senso de urgência na costura de um novo plano de pagamentos do auxílio emergencial, apesar de todos os sinais de arrefecimento econômico desde a virada do ano. Agora quem deve arcar com os efeitos colaterais são os trabalhadores mais vulneráveis, os autônomos, os desempregados, aqueles que precisam sair de casa para garantir a subsistência diária.
Com o lockdown em várias cidades do País, Fortaleza entre elas, amparado no intento de evitar o colapso na saúde e salvar vidas, esta parcela da população terá nas próximas semanas um deserto de renda. Na capital cearense, o decreto de isolamento social rígido vigora pelo menos até o dia 18, que é justamente a data inicial prevista para o retorno do benefício emergencial.
Mas o depósito do dinheiro obedece um calendário, portanto, é provável que muitos tenham de esperar mais tempo, possivelmente até o fim do mês.
Se o auxílio for executado nos moldes informados nos últimos dias, com parcelas que podem partir de R$ 150 e chegam no máximo a R$ 375, o efeito de irrigação de renda será significativamente menor que o registrado ano passado.
Pagamento a uma só pessoa por família
Prevista no novo formato, a restrição de pagamentos a um só membro por família também é prejudicial. Imagine só uma família com cinco integrantes recebendo R$ 250 por mês. Seriam R$ 50 por pessoa para 30 dias de despesas. Não garante nem a segurança de ter o que comer.
Trata-se de um formato cruel que prioriza a saúde financeira do Tesouro Nacional em detrimento da sobrevivência econômica dos mais pobres num contexto de guerra sanitária. Ainda há tempo para revisar esta ideia.