Estão sendo disputadas, de forma paralela, várias competições. Isso confunde até mesmo o cronista mais atento. Às vezes, ele não sabe, de imediato, por qual competição é um determinado jogo. O Ceará está competindo na Copa Sul-Americana, no Campeonato Brasileiro Série A e na Copa do Brasil. É um puxa-encolhe que complica. O próprio torcedor, em certas ocasiões, fica atordoado. Vamos lá: domingo, dia 17 de abril, o Vozão recebe o Botafogo (Série A). Três dias depois (20 de abril), vai enfrentar o Tombense em Minas Gerais. No dia 26 de abril, estará no Paraguai para enfrentar o General Caballero. O Fortaleza também está em três competições paralelas. No dia 17 de abril, enfrentará o Internacional em Porto Alegre. No dia 22, primeiro jogo decisivo com o Caucaia pelo Campeonato Cearense. No dia 24, jogo final com o Caucaia, definição do título estadual. Dia 27 de abril, recebe o Alianza de Lima no Castelão pela Libertadores. Já imaginaram o desgaste físico dos jogadores. Eu imaginei que a exploração do trabalhador já havia sido extinta no mundo. Pelo visto, no futebol, ainda não. Um verdadeiro massacre. Além dos jogos, as viagens, os treinos, as pressões, as cobranças.
Imaginem os senhores quando chegar o fim da temporada. Qual será a condição física dessa gente? Aliás, a condição física e a condição psicológica também. Os atletas recebem aplausos. Mas, se os resultados não forem bons, recebem ameaças, insultos e, não raro, agressões verbais quando do embarque e desembarque. Isso afeta. Gera estresse.
Há quem veja apenas o lado glamouroso da profissão. Entretanto, há também as cruzes. Há os ossos do ofício como em toda e qualquer outra atividade laboral. Muita gente olha os altos salários dos atletas. Sim, mas nem todos têm altos salários. Só as celebridades estão numa faixa de excelentes ganhos financeiros.
Na forma de exploração dos atletas, como ocorre agora, a vida profissional dura uns 15 anos. Os que chegam a 20 anos de atividade formam uma exceção. A maioria dos jogadores não têm tempo para buscar a preparação, visando a uma outra atividade profissional. Isso é outro problema quando eles encerram a carreira. Nem todos conseguem formar um pé-de-meia consistente.
É preciso que fique bem claro: celebridade é outra história no futebol, no rádio, na televisão ou em qualquer atividade. Ser celebridade é exceção. É preciso também fazer a distinção entre ser celebridade e ser conhecido. O mundo das celebridades gira em torno de fortunas. São os privilegiados pela conquista da fama e da riqueza, o que nem sempre representa felicidade.