Refinaria do Pecém deve iniciar treinamento de mão de obra em 2024; funcionamento previsto para 2025

Gabriel Debellian, diretor de logística da Noxis Energy, afirmou que o processo depende do andamento da licença ambiental, que poderia ser finalizado ainda neste ano

A nova refinaria com investimento planejado para o Ceará, a Refinaria de Petróleo de Pecém (RPP), poderá ter o início das obras já no começo do ano que vem e iniciar as operações ainda em 2025. A projeção foi feita por Gabriel Debellian, diretor de logística na Noxis Energy, empresa investidora do empreendimento, em entrevista exclusiva para a coluna. Esse cenário ainda poderia antecipar, também, o treinamento de pessoal, que deverá começar um ano antes da conclusão do projeto. 

Contudo, Debellian explicou que todo o cronograma segue dependendo da liberação da licença ambiental, que seguirá em análise até passar por todas as etapas. O processo inclui os estudos técnicos, a avaliação dos órgãos competentes e a participação da comunidade envolvida na região onde a refinaria será instalada.

De acordo com as negociações com o Complexo do Pecém, a PPP deverá ficar instalada na Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE), em uma área de 106 hectares a 9,6 quilômetros do Porto do Pecém. 

"O ponto de partida é a licença ambiental e está tramitando, está em andamento. Sem isso, não podemos fazer nada, estamos desenvolvendo o projeto e já temos a área. Nós fizemos uma previsão conservadora de dois anos para a liberação da licença. Então, o início da operação seria 2027, mas se o processo andar de forma rápida, poderíamos ter a licença até o final desse ano, começar as obras já no ano que vem e poderíamos ter a refinaria operando em 2025", explicou. 

"Mas tem todo um procedimento com Ministério Público e a comunidade, e queremos manter todo mundo bem informado, seguindo as regras ambientais. Mas sabemos que essa é uma refinaria muito tecnológica e bem menos poluente" completou Debellian.

Treinamento de pessoal 

Caso os planos sejam acelerados, o projeto de treinamento da mão de obra também deverá ser antecipado, segundo o diretor de logística da Refinaria do Pecém. Ele contou que a Noxis já teve um contato direto com a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) para garantir apoio das entidades de ensino, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), para capacitar parte da mão de obra contratada. 

Gabriel Debellian também garantiu que a Noxys deverá focar na contratação de pessoas do Ceará para a operação da PPP, mesmo os cearenses que estiverem fora do Estado. "Quem sabe não trazemos alguns cearenses de volta", brincou ele. 

O processo de treinamento ainda deverá contar com o envio de parte da equipe para treinamentos fora do país, considerando que 80% dos equipamentos usados no projeto será importado de outros países. 

"Vamos começar um ano antes do início da operação a treinar o pessoal local, mandando gente para fora do o Brasil, e tem de ser gente boa, mas temos muita gente boa no Ceará. Posso dizer que o Estado já está melhor que o Rio de Janeiro nesse quesito de qualidade da mão de obra", disse. 

Financiamento

O diretor de logística da PPP também confirmou que todo o financiamento do projeto será internacional. Debellian mencionou ter havido uma reunião com o Banco do Nordeste para fechar um acordo por recurso, mas não houve sucesso por conta do nível de equipamentos importados necessários para a operação da refinaria. 

"Tudo de fora até porque tem muita coisa importada. 80% do investimento é importação, são quase 2,8 bilhões de dólares e o BNB e o BNDES não vão financiar o material importado. Tivemos conversa com o BNB, mas entra no equipamento importado e gera-se um problema", disse. 

Produção de combustíveis

Pela idealização do projeto, a nova refinaria do Pecém deverá ser capaz, segundo Debellian, de atender toda a demanda por gasolina e diesel automotivo no Ceará, além de atender 50% do mercado de gás de cozinha nos próximos anos. 

Ao todo, a refinaria deverá produzir 450 mil metros cúbicos (m³) de gasolina e 99 mil m³ de gás de cozinha por ano. 

Contudo, a maior produção será de diesel marítimo, o que deverá corresponder a 80% da produção total. Ao todo, serão 1,923 milhão de m³ de diesel, para os quais a Noxys já tem um contrato de compra para os próximos 10 anos. 

Operação 

Com relação aos empregos gerados, Debellian confirmou que serão 3 mil postos de trabalho durante o pico do processo de construção. Contudo, durante a operação, serão 150 empregados divididos em 3 turnos de forma direta. 

Contudo, há uma previsão de pelo menos 450 empregos gerados de forma indireta a partir da refinaria.

"Essa refinaria é bem moderna e ela vai ser amiga do meio ambiente, tanto que o combustível marítimo é de baixo teor de enxofre. E por termos processos tecnológicos serão cerca de 150 empregos durante operação, que será em 3 turnos", disse.