O Ceará poderá ter a confirmação de 3 investimentos em hidrogênio verde até o começo do próximo ano. Segundo o secretário executivo da indústria no Governo do Estado, Joaquim Rolim, três projetos já em estudo no Estado deverão ter a publicação do "Final Investiment Decision" (decisão final de investimento, em inglês) já começo de 2024, o que pode garantir o aporte de bilhões de dólares na economia cearense para a produção do novo combustível.
Apesar da perspectiva positiva, o representante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado (SDE) não revelou quais empresas estariam na lista de confirmação ou não dos planos de investimento. A publicação do FID serve para apontar ou não a decisão de investir (como aponta a sigla) em projeto que já vem passando por estudos de viabilidade.
Avaliando o estágio atual do mercado, o Ceará já tem algumas empresas mais adiantadas para aplicação de projetos em hidrogênio verde, como a portuguesa EDP, que lançou um projeto-piloto em janeiro, e a australiana Fortscue.
"A gente tem conversado com várias empresas e elas devem tomar a decisão no ano que vem. Pelo menos duas ou três já nos anunciaram que devem publicar o FID. Mas ele pode ser negativo ou positivo, dependendo dos estudos. O que a gente pode dizer é que os estudos estão muito otimistas e entendendo que há a possibilidade de sair as decisões finais de investimento no ano que vem", disse Rolim.
A perspectiva foi corroborada pelo secretário de desenvolvimento econômico do Ceará, Salmito Filho. "Esse é o nosso desejo (de ter 3 empresas confirmando investimento no próximo ano)", disse.
"E esse é o objetivo do Governo, e é o nosso trabalho enquanto secretário de desenvolvimento econômico, seguindo a orientação do governador Elmano, temos de avançar com esses memorandos, transformando em investimento, estudos de viabilidade, para que os investimentos possam começar a acontecer", completou.
Contratos de compra e venda
O secretário executivo da SDE também comentou a relevância dos contratos de compra com grandes compradores como fator de impulsão dos investimentos em hidrogênio verde no Ceará. Como a coluna já antecipou, a EDP tem intenção de participar de um leilão do governo alemão para venda de H2V na forma de amônia ainda em 2023.
"Um fator importante é garantir um contrato de venda com um off-taker. Tem várias oportunidades e as interações diretas entre compradores e produtores é que vai acelerar esse processo do hidrogênio verde. A venda concretizada facilita a definição, mas cada vez mais ficamos otimistas com nosso trabalho dessa governança pública para os investidores fiquem mais confortáveis", comentou Rolim.
Relações com a Alemanha
As declarações foram feitas durante evento de recepção de uma comitiva de empresários e membros do governo da Alemanha à sede da Fiec (Federação das Indústrias do Estado do Ceará) na última quinta-feira (16). Rolim ressaltou que os alemães gostaram muito dos projetos apresentados no Ceará, além das estruturas do Porto do Pecém e da ZPE (Zona de Processamento de Exportação), e que a visita pode ajudar a estreitar laços entre o Ceará e o país europeu.
"Essa comitiva é muito representativa e tem entidades de peso do setor de energia e hidrogênio verde. E cada vez que eles fazem uma interação e elas têm sido cada vez mais frequentes e eles evidenciam o que a gente falou antes em reuniões e congressos e que isso é verdade", afirmou.
A visita da comitiva faz parte do projeto H2Brasil, que integra a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável e é implementado pela GIZ Brasil e pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e financiado pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ na sigla em alemão).
O H2Brasil apoia o Portal Hidrogênio Verde realizado pela Aliança Brasil-Alemanha, formada pelas Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo e Câmara Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro.