Meu pet está obeso. E agora? Veja 5 dicas para evitar os riscos

O número de cães brasileiros obesos ou com sobrepeso cresceu 108% de 2011 a 2020

Cães, gatos e outros animais domésticos precisam de alimentação própria, equilibrada e acesso a estímulos para se movimentarem. Do contrário, a obesidade é uma das consequências que podem até levar ao óbito do animal. E o número de pets acima do peso só cresce no Brasil.

De 2011 a 2020, o número de cães brasileiros obesos ou com sobrepeso cresceu 108%, e o de gatos, 114%, segundo dados da Banfield Pet Hospital. E a tendência é aumentar nos anos seguintes. 

Ainda de acordo com o estudo, o Brasil conta com 25% a 40% dos pets em obesidade e, embora 95% dos tutores se preocupem com a doença, 41% adiam a ida ao veterinário devido ao problema.

Por isso, fique atento às dicas da nutrologista e gastroenterologista veterinária, Samyla Albuquerque, para melhorar a qualidade de vida do seu pet.

Como saber que o meu pet está com sobrepeso?

Os tutores podem se apoiar em escalas corporais para ter uma noção, aproximada, se o animal está com sobrepeso ou não.

"Nessas figuras, ensinam como você palpar as costelas e o que você tem que sentir. Também tem o desenho do corpo. Quando você olha o animal de cima, terminando o tórax tem que acinturar e de lado, a barriguinha precisa entrar, fazer aquela curva pra cima. Então, esses detalhes são os mais importantes pra você conseguir realmente identificar visualmente se o paciente está no peso ideal. Por que quando você vê o peso no número, não dá pra dizer se aquele peso é o ideal"
Samyla Albuquerque
Nutrologista e gastroenterologista veterinária

Quais os riscos para o animal obeso?

O principal risco é a possibilidade de desenvolver câncer. Afinal, segundo a nutrologista, todo câncer começa por uma base de inflamação. "E o tecido adiposo produz citocinas inflamatórias diariamente, então, você tem um paciente realmente diariamente inflamado". 

Outros riscos:

  • Problemas dermatológicos;
  • Problemas articulares;
  • Luxação de quadril;
  • Luxação de joelho;
  • Problemas no trato urinário, principalmente nos gatos;
  • Problemas respiratórios;
  • Problemas gastrointestinais;
  • Diarreias e vômitos com mais frequência;

"A troca de calor fica mais difícil. O paciente pode sofrer o que a gente chama de estresse térmico. O paciente fica com tanto calor que não consegue mais colocar esse calor pra fora e é como se ele cozinhasse por dentro, podendo levar a morte. Além de comprometer ainda a imunidade paciente por estar constantemente inflamado, o que reduz a expectativa de vida dele"
Samyla Albuquerque
Nutrologista e gastroenterologista veterinária

Dicas para o emagrecimento do pet:

1 - Procure um médico veterinário

A primeira atitude é procurar um profissional veterinário. Somente ele vai avaliar o caso e decidir as melhores alternativas para o paciente. Caso o tutor não tenha condição de procurar tão logo, é possível fazer uma restrição calórica. "O paciente tem que comer menos do que come ou vai ter que diminuir os petiscos. Um dos maiores problemas da obesidade é o fato de humanizarmos os nossos cães e gatos. Acabamos cedendo aos olhares e a transferimos nossos atos alimentares pra eles", explica Samyla.

1 - Comece com uma restrição calórica

É importante que o animal tenha horários certos para comer e a quantidade ideal. "O primeiro passo é diminuir os extras. O paciente já estava recebendo o que precisava na ração, mas o tutor acaba dando mais, seja petiscos ou alimentos que nem poderiam ser consumidos por animais. E se mesmo assim, com o corte dos excessos, não ajudar, será necessário diminuir realmente a quantidade de ração que o paciente recebe", detalha a nutrologista.

2 - Controle o quanto de ração está sendo oferecido

"Muita gente não sabe o quanto que tem que dar de ração ou não sabe o quanto já está oferecendo de ração para o animal", diz Samyla. Segundo a profissional, os tutores não costumam medir a quantidade de ração ofertada. Acabam apenas virando o pacote no vasilhame e deixa à vontade, o dia inteiro, e se o pet quiser mais, eles colocam. "É importante seguir a recomendação da tabela da ração e saber o quanto que você dá todos os dias pro seu pet de acordo com o peso que ele deveria ter".

"Para o emagrecimento, o certo é você olhar na tabela quanto o pet deveria pesar e dar um pouco a menos. Um grande erro é quando o tutor olha pra tabela, pega o peso atual do pet e oferta a ração. Ele não vai diminuir, vai manter. A ideia é reduzir pelo menos uns 20% para tentar diminuir".
Samyla Albuquerque
Nutrologista e gastroenterologista veterinária

3 - Faça mais atividade física

"Os nossos animais acompanham muito nosso estilo de vida e a gente sabe quando estamos sedentários. Muitas pessoas não querem caminhar, não querem fazer nenhuma atividade e os cães acabam ficando sempre dentro de casa, dentro do apartamento. Mas, os animais foram feitos pra caminhar quilômetros por dia. Então, essa falta de atividade física aliada a um excesso de alimentação contribui pra obesidade. A atividade física é parte do tratamento da obesidade"
Samyla Albuquerque
Nutrologista e gastroenterologista veterinária

Ainda segundo a médica veterinária, é importante ficar atento ao esquema vacinal do pet. "Mas, se estiver tudo certinho, pode sim se expor à rua pro passeio". Outro cuidado, é fazer uso do spray repelente para evitar a fixação de pulgas ou carrapatos e mosquitos. "Ao chegar em casa, faça a inspeção para ver se não há nenhum ectoparasita no pelo do animal", aconselha.

"E por mais que você tenha toda confiança no seu pet, ande com ele ao seu lado sempre. Ele pode se assustar com alguma coisa, correr, ser atropelado ou fugir. E procure horários menos quentes, antes das oito horas da manhã e depois das quatro horas da tarde. Também tente locais tranquilos, sem muito barulho de carro, de motos."
Samyla Albuquerque
Nutrologista e gastroenterologista veterinária

4 - Faça um enriquecimento ambiental

"O enriquecimento ambiental é quando você coloca prateleiras dentro de casa ou túneis, brinquedos que façam eles ficarem mais ativos dentro do lar. Você também pode investir em esteiras para que o pet que não pode sair de casa, passe a caminhar mais, seja gato ou cachorro. Só que aí precisa do investimento. Ficar só jogando a bolinha ali pra ele correr, não é o suficiente, infelizmente, nem pra saúde mental, nem pra saúde física."
Samyla Albuquerque
Nutrologista e gastroenterologista veterinária

5 - Cuidado com quem tem predisposição: os gatos 

"O gato é um carnívoro obrigatório, ou seja, ele deveria consumir prioritariamente proteínas e gorduras e evitar carboidratos. Mas, infelizmente, nos alimentos industrializados secos, que são as rações secas, a gente tem prioritariamente carboidrato. Por isso, grande parte dos gatos hoje em dia são obesos", é o que explica Samyla. 

A nutrologista explica que como é mais prático ter a ração seca, muitas pessoas o ofertam, mas que orienta a tentar alimentar o gato com metade da porção de alimento seco industrializado e metade de úmido, que são os sachês. "Já os cachorros conseguem lidar com a questão do excesso de carboidrato presente nos alimentos industrializados".

Meu pet vai sentir fome?

Sim, principalmente se ele já está acostumado a manter uma saciedade com aquela quantidade ofertada. "A partir do momento que você vai diminuindo, ele sente falta. Seja pela relação com o tutor ou pela ausência do alimento. Eles sentem fome e vão sentir também a necessidade de comer mais, vão pedir e vão estranhar. Cadê aquela quantidade que estava aqui?", detalha Samyla.

E se meu animal não emagrecer?

A única forma de emagrecer os animais é com essa restrição alimentar e com o aumento da atividade física. Se não melhorar, é importante procurar um veterinário para fazer uma avaliação hormonal e entender o porquê esse paciente não está emagrecendo.