Deputados dormem na Alece para garantir discurso, mas perdem chamada no início da sessão

Seis deputados madrugaram para garantir primeiros discursos do dia, mas maioria nem estava no Plenário quando foram chamados

Nenhum dos seis deputados estaduais que madrugaram na Assembleia Legislativa do Ceará nesta quarta-feira (15) para garantir os seis discursos do Primeiro Expediente subiram a tribuna para Casa para fazer valer o espaço de fala. 

Um deles, o deputado Carmelo Neto (PL) chegou por volta das 22h ainda da terça-feira para garantir o tempo, mas acabou não discursando. Segundo ele, a atitude foi um protesto ao que chamou de "manobra da base".

Na Assembleia, os seis primeiros tempos de 15 minutos para discursos no Plenário durante a sessão são ocupados por ordem de inscrição, que abre às 6h da manhã.

Nesta quarta-feira (15), a sessão começou às 9 horas e à todo vapor por causa da votação do pacotão político-econômico do governador Elmano de Freitas (PT). Alguns pontos são polêmicos, como ajustes na tarifa do ICMS e ampliação da estrutura administrativa da gestão. 

Por isso, os discursos estão disputados na sessão. Aconteceu, no entanto, de nenhum dos seis inscritos no Primeiro Expediente discursarem. A sessão começou já na Ordem do Dia, com a votação de dois requerimentos do deputado Sargento Reginauro (União) para tentar adiar a votação do projeto que trata do ICMS.

O primeiro orador, deputado Lucinildo Frota (PMN) abriu mão do tempo. Em seguida, não estavam presentes os deputados do Bruno Pedrosa (PDT), Júlio César Filho (PT) e Cláudio Pinho (PDT). Carmelo Neto, que era o quinto orador, foi chamado, mas abriu mão do tempo após a ausência dos antecessores. O último orador, Queiroz Filho (PDT), também não estava presente.

"A oposição ou o governo, quem chega primeiro, quer pegar o último (discurso) porque não tem quem vá rebater você depois", pontuou Carmelo.

Os parlamentares começaram a chegar por volta das 22h. Às duas horas da manhã, as seis vagas estavam preenchidas. Às nove horas, no entanto, quando começou a sessão, alguns deputados não estava presentes. 

"Os deputados do governo não vieram falar, não estiveram aqui. Eu usaria a tribuna por volta das 11h. O presidente chamou todos os oradores às 9h. Foi uma manobra para me pegar desprevenido e caí na casca de banana", disse Carmelo, que abriu mão do tempo da fala, segundo ele, em protesto.

A situação gerou críticas na Casa. A deputada Dra. Silvana criticou que parlamentares garantissem o tempo para não usá-lo. "Esses tempos aqui são preciosos", disse.

O deputado Antônio Henrique (PDT), ex-presidente da Câmara Municipal de Fortaleza saiu em defesa dos deputados, afirmando que alguns parlamentares estavam se preparando para falar um pouco mais tarde.

"Confesso que talvez ainda vai demorar um pouco de tempo para acostumar com esse Regimento. Você chegar aqui dez horas da noite para reservar um tempo às 6 horas da manhã, com certeza o deputado que passou a noite aqui deve voltar em casa para poder se preparar para a sessão, e a sessão iniciar, o deputado ainda não estando presente, ser cortado seu direito de fala? Fico envergonhado. O deputado Cláudio Pinho dormiu aqui, foi em casa e, quando estava voltando, a sessão já tinha começado e perdeu o tempo de fala", pontuou.

*Colaborou a repórter Alessandra Castro.