Vitória pedetista em Fortaleza em seus contextos

Sarto Nogueira é o novo prefeito de Fortaleza para os próximos quatro anos. Lançado no fim do prazo para o registro das candidaturas – e então um nome desconhecido da maior parte do eleitorado –, ele atingiu o objetivo traçado pelo grupo governista, de manter o poder em Fortaleza. Será o terceiro mandato consecutivo. Entretanto, dadas as circunstâncias deste segundo turno, não estava nos planos do grupo o aperto que a apuração revelou.

Imaginava-se uma vantagem mais folgada, que não veio. A partir daí, aparece o principal paradoxo para o grupo governista. Há mais motivos para comemorar a vitória nas urnas, afinal será o terceiro mandato seguido em uma Prefeitura de Capital, o que é significativo. Entretanto, o resultado da oposição foi considerável e aponta para um horizonte de debate político mais acirrado para o embate de 2022, sucessão do governador Camilo Santana (PT).

Atuação do prefeito

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A vitória de Sarto, de qualquer maneira, deveu-se, em sua maior parte, ao empenho pessoal do prefeito Roberto Cláudio. Depois de terem sido reeleitos, Juraci Magalhães (MDB) e Luizianne Lins (PT), por exemplo, não conseguiram fazer o seu sucessor. O prefeito atual tomou a frente da campanha, fez de projetos da gestão a base da plataforma de Sarto e assumiu os atos de rua quando o então candidato teve que se afastar por conta da Covid-19.

Mais do que isso, Roberto preparou a gestão para um volume de investimentos significativos na reta final e formou uma aliança que deu a Sarto capilaridade nos bairros, com mais de 500 candidatos a vereador, e garantiu tempo de TV, muito importante no primeiro turno. Na primeira parte da campanha, aliás, foi quando Roberto Cláudio foi mais importante: os irmãos Cid e Ciro atuando discretamente e o governador Camilo Santana estava preso à questão partidária, pois o PT tinha candidata própria. O prefeito, que deixará o cargo em 31 de dezembro, será um nome forte no xadrez eleitoral de 2022.

Sai forte

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O resultado que saiu das urnas, por outro lado, anima a oposição. E há razões para isso.

O placar apertado, em um cenário em que se formou uma coalizão de partidos frente à candidatura de Capitão Wagner o fez sair com um capital político considerável. E não para por aí. A vitória da oposição em Caucaia, ao desbancar também um candidato governista, foi uma sinalização também importante às forças de oposição. Ela soma-se às vitórias em cidades estratégicas no primeiro turno em algumas das mais importantes regiões do Interior do Estado.

Panorama

Embora tenha eleito o maior número de prefeitos no Interior, cerca de75%, a base governista perdeu a eleição em três dos cinco maiores municípios do Estado. Enquanto os aliados de Camilo Santana venceram Fortaleza e Sobral, a oposição levou a disputa Caucaia, Maracanaú e Juazeiro do Norte. Além disso, há a Prefeitura de São Gonçalo do Amarante, estratégica, vencida também pelo Pros. A sucessão de 2022 começa a se desenhar após o resultado das urnas nesta eleição.