Os recados de Elmano na autocrítica sobre a política de segurança pública do Estado

Fala do governador antecedeu a mudança no comando da PM; declaração dá recado à cúpula da segurança e dialoga com a população

Escrito por
Inácio Aguiar inacio.aguiar@svm.com.br
Legenda: Governador deu a declaração na abertura do ano legislativo na Assembleia
Foto: Alece

Ao admitir, publicamente, que está "muito insatisfeito" com os resultados da segurança pública no Ceará, o governador Elmano de Freitas dá sinais claros para diferentes públicos. A declaração, feita nesta segunda-feira (3), tenta não apenas regular o problema, mas também revela uma estratégia política para enfrentar um dos principais desafios da sua gestão.  

Os números recentes justificam a preocupação: enquanto os roubos caíram 16% no último ano, os homicídios e latrocínios cresceram 10%, saltando de 2.970 em 2023 para 3.272 em 2024. 

Veja também

Alinhamento ao sentimento da população 

O primeiro recado da declaração do governador é à população. O tema da segurança tem forte impacto na percepção da sociedade sobre o governo, e Elmano busca se alinhar ao sentimento de insatisfação crescente.  

Ao verbalizar a crítica, ele tenta também demonstrar comprometimento com a busca por soluções e sinalizar que está "agarrado com o problema". A mudança no comando da Polícia Militar, poucas horas depois da fala, reforça esse movimento e mostra que a cobrança não ficou apenas no discurso. 

Recado ao comando da Segurança 

A declaração também tem um destinatário direto: a cúpula da segurança pública. O aumento dos crimes contra a vida expõe falhas na estratégia definida até aqui, e a troca na PM sinaliza que ajustes serão exigidos.  

O governador quer resultados concretos e manda um aviso claro de que, se as metas não forem alcançadas, novas mudanças podem ocorrer. Lembrando que Roberto Sá é o segundo secretário da pasta na gestão dele. O primeiro foi Samuel Elânio. 

Alerta às demais áreas da gestão 

Por fim, há um alerta também para as demais áreas do governo. Ao expor sua insatisfação com a segurança, Elmano estabelece um padrão de cobrança que pode se estender a outras áreas de gestão. Se até uma pasta prioritária está sujeita a mudanças, os demais auxiliares também precisam entregar resultados. Em um ano que antecede a corrida eleitoral, em que a segurança será tema central nos debates, a pressão sobre o governo só tenderá a aumentar. 

Com a autocrítica pública e a substituição na cúpula da PM, Elmano tenta reposicionar sua gestão diante do grave problema da violência. Resta saber se essa mudança de tom vem acompanhada de medidas eficazes para reverter os índices.