Escolha de advogada como vice marca mudança de estratégia da campanha de Capitão Wagner

Legenda: Capitão Wagner apresentou, ontem (7), sua vice Kamila Cardoso durante convenção realizada em Fortaleza
Foto: José Leomar

Kamila Cardoso não foi propriamente escolhida como candidata à vice-prefeita de Capitão Wagner como a opção prioritária. Ao contrário. Ela veio a ingressar na chapa majoritária após as tentativas frustradas de agregar apoio de mais partidos. O fato de não ter sido a favorita, entretanto, não tira da advogada os seus méritos. E a indicação não ocorreu por falta de opção ou por obra do acaso. Mulher, advogada, casada, mãe de dois filhos e com atuação voltada à causa social da inclusão e da acessibilidade, ela construiu sua reputação na luta pelos direitos e pela qualidade de vida do filho Kaio. O trabalho ganhou dimensão e ela, evidência. A estratégia parece ser exatamente tentar agregar esses valores da luta, da mulher incansável na defesa da família e da causa social que sensibiliza. Kamila foi convocada para agregar leveza e humanidade a uma chapa encabeçada por um policial que tenta se descolar do discurso quase monotemático da segurança. A indicação representa ainda uma virada na estratégia da última campanha dele que havia sido a indicação de um empresário, no caso Gaudêncio Lucena, para atrair a confiança de um público mais elitizado.

Nova imagem

Capitão Wagner começou a construir esta candidatura lançada ontem há, pelo menos, dois anos. De lá para cá, fez mudanças no visual, adotou uma nova postura nas redes sociais, trouxe a família junto com ele ao ambiente virtual e intensificou as aparições públicas em atos religiosos - agregou lideranças evangélicas, inclusive. São mudanças que tentam mostrar um novo perfil ao eleitorado. O maior desafio foi e continua sendo se descolar da imagem muito ligada à segurança e à pauta corporativista policial. Kamila também vem somar pacificidade a esse novo perfil.

Desgaste tucano

O PSDB, que já foi o maior partido em atuação no Ceará, vive dias difíceis em termos de unidade partidária. A sigla ainda não anunciou sua posição para a eleição 2020, mas alguns de seus filiados já o fizeram. A dicotomia entre o governismo e a oposição na Capital já é, por si, um desgaste, mas a presença de tucanos, ontem, na convenção do Pros só escancarou a divisão do partido. É bom lembrar: a legenda ainda tem um pré-candidato que é Carlos Matos.

Chamado ao governador

Nem só de Fortaleza vive a articulação política do governador Camilo Santana (PT). Ele está sendo requisitado para tentar costurar acordos em municípios como em Maracanaú. Lá, Daniel Baima, do PT, já está se colocando como o candidato do governador, inclusive com publicidades já circulando em redes sociais. A saia justa é pelo fato de que o líder do Governo na Assembleia, Júlio César (Cidadania), também ser pré-candidato à Prefeitura da cidade. Camilo está tentando solucionar os impasses para que sua base saia unida lá.

Só em 2022

De um petista experiente com vivência entre os grandes figurões nacionais do partido desde a década de 1980: o ex-presidente Lula, embora em trabalho de "reconstrução", deve ficar de fora das eleições municipais. Ele deve focar na pandemia e na preparação para 2022. O pronunciamento de ontem do ex-presidente começou a mostrar isso.