Embate entre Roberto Cláudio e Capitão Wagner abre nova fase na pré-campanha de Fortaleza

A pré-campanha à Prefeitura de Fortaleza está entrando em uma nova fase. Não que as principais incertezas tenham cessado - ainda há muitas -, mas a declaração do prefeito Roberto Cláudio em entrevista exclusiva a esta coluna, em tom elevado contra o que deve ser o principal opositor do grupo governista, e a própria resposta do deputado licenciado e pré-candidato Capitão Wagner, demonstram duas estratégias antagônicas e que desenham o embate discursivo da campanha eleitoral, a 20 dias do início do prazo de convenções partidárias. No cenário que se mostra hoje, é muito provável que o candidato do PDT ou do grupo governista duele com Wagner na dianteira da corrida eleitoral. Será uma campanha dura.

Entrou no debate

O prefeito Roberto Cláudio, até aqui, havia feito críticas mais genéricas à oposição. Questionou algumas situações em 'lives', demarcou uma linha que separa o seu grupo político dos adversários, mas havia evitado entrar de maneira direta e incisiva no confronto que já está sendo puxado pela oposição desde o ano passado e que se intensificou no início da pandemia.

Na entrevista a este colunista, que marca um divisor de águas na pré-campanha, o prefeito citou Capitão Wagner como alvo das críticas e o apertou em dois pontos específicos: uma suposta ligação com um "radicalismo" que, na visão dele, é atrelado ao presidente Jair Bolsonaro, e os motins da Polícia Militar de 2012 e deste ano. Não foi à toa. São dois pontos com os quais Wagner terá que lidar frequentemente na campanha.

Estratégia traçada

Em linha oposta, o deputado do Pros mostrou que tem uma estratégia traçada: disse que não irá debater com o prefeito, que não é o candidato à sucessão. Fará o debate com o nome ungido pelos governistas. E fez questão de resgatar, mais uma vez, o que também deve dar o tom da campanha e tema que o candidato governista terá que lidar na corrida eleitoral: as denúncias em relação ao caso dos respiradores comprados na pandemia - e não entregues - e também o áudio no qual o deputado Bruno Gonçalves (PL) oferece dinheiro e estrutura de campanha a um pré-candidato a vereador em troca de apoio ao grupo governista.

Wagner já disse que não puxará, na campanha, o debate sobre segurança pública, tema ao qual está intrinsecamente ligado. Não é à toa. O maior desafio dele é mostrar que tem uma plataforma de campanha ampla e não será, como tem sido, um candidato monotemático. O tom tende a subir ainda mais.

Candidatura em risco?

Por falar em sucessão, um pré-candidato que, quando entra no jogo, tende a animar o debate, é Heitor Férrer (SD). O parlamentar, atuante nos diversos mandatos no Legislativo, ainda tem dúvidas sobre sua pré-candidatura a prefeito da Capital. Segundo ele, está havendo dificuldades de viabilizar a empreitada em relação a partidos parceiros. "Não sobrou quase ninguém", lamenta. Heitor diz ter apoio do partido Solidariedade, ao qual está filiado, mas há outras questões que estão pendentes. "Estamos analisando quais condições teremos", complementa.