Eleições 2020: Novas regras e pandemia impõem desafios para os vereadores

Legenda: Na Câmara Municipal, há temor entre os parlamentares diante das nuances da campanha.
Foto: José Leomar

A disputa pelas 43 vagas de vereador de Fortaleza se desenhava desafiadora para 2020 desde a aprovação da norma que estabeleceu o fim das coligações partidárias para o Legislativo. Entretanto, o cenário real para a eleição deste ano é ainda de mais incertezas do que estava se prevendo inicialmente.

Com as chapas isoladas, cada partido precisou refazer as contas e redobrar as articulações para formar uma lista de candidatos competitivos. Some-se às dificuldades, o momento atípico de pandemia, cuja atuação nas ruas está incerta, e o próprio momento de instabilidade social pode influenciar na tomada de decisão para o voto.

Na Câmara Municipal, há temor entre os parlamentares diante das nuances da campanha. O pleito exigirá mais presença digital, mais alinhamento com as lideranças comunitárias e boa comunicação para conseguir chegar ao eleitorado dos 121 bairros. Por outro lado, a boa atuação dos candidatos a vereador será estratégica para os candidatos a prefeito que precisarão de capilaridade nas diversas áreas da cidade.

Estratégias

Na Câmara Municipal de Fortaleza, o prefeito Roberto Cláudio mantém uma base aliada composta por cerca de 33 dos 43 vereadores. Esse grupo, com algumas exceções, participou de um encontro promovido pelo presidente da Casa, Antônio Henrique (PDT), na semana passada. O candidato pedetista Sarto Nogueira também participou virtualmente. Nos bastidores, alguns vereadores da base relatam que Sarto, presidente da Assembleia, é "distante" dos parlamentares municipais. Nesta semana, entretanto, terá início a estratégia governista de engajar os aliados. Está previsto para amanhã (22), o primeiro encontro do prefeito e do presidente da Casa com os vereadores em que tratarão de campanha eleitoral. A expectativa é que Sarto participe da reunião.

Turbulências

Tem tomado proporções nos últimos dias, uma divisão interna no MDB, após a decisão do partido de apoiar a candidatura de Heitor Férrer (SD) na disputa pela Prefeitura da Capital. O ex-vice prefeito de Fortaleza, Gaudêncio Lucena, outrora braço direito do ex-senador Eunício Oliveira, puxou o racha e está apoiando a candidatura de Capitão Wagner. Na semana passada, o irmão, Carlos Gualter, e o filho, Igor Lucena, se desfiliaram do partido. Eles vinham defendendo que o MDB se coligasse com o Pros, de Wagner. Gaudêncio, que já anda vestindo a camisa do candidato, já vinha fazendo movimentos pró-Wagner há algum tempo e deve anunciar apoio.

Só na ameaça

No fim da última semana, o comando nacional do PTB soltou nota em seu site proibindo, nos municípios maiores, coligação com partidos que não estejam alinhados ao Governo Bolsonaro. O presidente nacional Roberto Jéfferson tenta dar ao partido agora, um alinhamento que nunca houve. Fortaleza e Juazeiro do Norte estariam na lista. Aqui, o partido é aliado do grupo governista. Até o momento, entretanto, o comunicado da legenda não passou de uma ameaça. Segue, pelo menos por enquanto, tudo como está.