Desafio às oposições

A entrada do presidente Jair Bolsonaro em um território eleitoral mais identificado ao petismo nas últimas duas décadas abre para ele uma nova perspectiva política, que deve estar sendo cuidadosamente analisada, e exige de seus opositores, principalmente no Nordeste, uma reflexão a respeito dos rumos que devem adotar para tentar fazer frente a um presidente que, a despeito de problemas da gestão, mostra que pode ganhar corpo.

Conforme abordamos nesta coluna, ontem, o peso de um presidente da República em uma eleição municipal pode ser limitado, entretanto, os resultados que sairão das urnas em novembro próximo vão dar um panorama do que podemos ter em 2022, na sucessão presidencial.

A julgar pelo cenário de hoje nas principais capitais nordestinas - Fortaleza no meio -, o pleito de 2020 não deve contribuir para a aproximação dos partidos mais alinhados no campo de centro e esquerda.

O que está prestes a haver é um desgaste provocado pelos embates em cidade como as capitais cearenses e pernambucanas.

Democracias

Aliás, se o Governo Bolsonaro enfrenta dificuldades de impor seus projetos - na verdade, em alguns momentos, a gestão dá a impressão de não tê-los - é muito mais por desorganização interna e a ausência da formação de uma base parlamentar coesa do que propriamente de uma atuação conjunta da oposição ao presidente. Há arestas entre os partidos opositores, e isso também ajuda ao Governo.

Em democracias fortes, os governos precisam de peso institucional e projetos e as oposições, de articulação para fazer a vigilância das ações públicas.

Pragmatismo

Com intensa articulação no interior, o PSD se prepara com metas ambiciosas para o fim de 2020. São mais de 100 candidatos a prefeito sob coordenação do ex-vice-governador Domingos Filho e o deputado federal Domingos Neto, coordenador da bancada cearense em Brasília, que se licenciou do cargo na última semana para se dedicar à eleição. E o que chama a atenção nas costuras políticas é o pragmatismo. Aliado do grupo governista estadual, em vários municípios, o partido compõe e faz acordos com as diversas correntes, inclusive da oposição.

Pragmatismo II

Impossível falar em pragmatismo e não observar a situação do MDB. Na Capital cearense, um grupo do partido defende candidatura própria para tentar reerguer a legenda que já foi hegemônica. Entretanto, o partido não descarta a possibilidade de se aliar ao PT e, recentemente, abriu conversas até com o PSL em busca de uma composição. De uma ponta a outra do espectro político.

Dinâmica

Novato na Câmara dos Deputados, o suplente Deusinho Filho, que está no exercício do mandato, conta da complexidade do Legislativo federal. Ele relata que embora seu partido, o Republicanos, integre a base de apoio do Governo Jair Bolsonaro, votou favoravelmente à renovação do Fundeb, aprovada recentemente na Câmara dos Deputados e que entra na pauta do Senado ainda neste mês.



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