Camilo tenta diálogo nacional no debate sobre eleições municipais

Legenda: Deputada federal Marília Arraes é o nome do PT para disputar a Prefeitura do Recife, enquanto o pré-candidato do PDT é o também deputado federal Túlio Gadêlha
Foto: Agência Câmara

O governador Camilo Santana está adotando a estratégia de nacionalizar os diálogos com o PT para debater as eleições deste ano nos municípios brasileiros, entre eles Fortaleza, o que mais desafia o poder de articulação do governador, por posições antagônicas entre dois dos maiores partidos da sua base aliada: PT e PDT. Os diálogos de Camilo, até aqui, envolveram governadores, parlamentares de outros estados e até o ex-presidente Lula. A missão inicial, apurou esta coluna, é distensionar as relações entre os dois partidos. Camilo tem defendido que as "convergências" entre as duas legendas seriam maiores do que as "divergências". Está em andamento um trabalho do governador de "fazer a ponte" entre as partes para tentar avançar, missão nada fácil, tendo em vista as recentes trocas de farpas entre Ciro Gomes e Lula. Por adotar um tom mais conciliador, Camilo tem sido procurado, inclusive, por petistas que, em algumas cidades estão isolados e precisam tentar construir alianças na esquerda.

Do Recife

Na toada da nacionalização, o governador recebeu, ontem (13), em Fortaleza, a pré-candidata do PT à Prefeitura do Recife, Marília Arraes. Lá, o partido também enfrenta conflito com um aliado da esquerda, mas no caso é o PSB. Marília mantém bom diálogo com o governador cearense desde o ano passado, quando se conheceram em um evento em São Paulo, e veio tratar das relações entre os partidos de esquerda de olho nas eleições de novembro. No Recife, o PDT tem um pré-candidato, o deputado federal Túlio Gadelha, entretanto há articulações em campo para juntar o pedetista ao PT. As partes já chegaram até a conversar. Aproximar os partidos onde for possível é parte da estratégia do governador cearense.

Sem confronto

Na pior das hipóteses, Camilo Santana quer trabalhar, em Fortaleza, com a possibilidade de evitar confrontos diretos entre as candidaturas de PT e PDT, estratégia semelhante à que está se desenhando na Capital pernambucana em relação ao PSB. Lá, o PT integra a base de apoio do governador Paulo Câmara (PSB) e o principal aliado petista por lá, o senador Humberto Costa, tenta evitar que haja uma ruptura total com a candidatura de Marília Arraes na Capital. O deputado federal João Campos, filho do falecido ex-governador Eduardo Campos, é a aposta da legenda para manter o posto. João e Marília são primos em segundo grau e herdeiros políticos de Miguel Arraes.

Processo na Assembleia

Na Assembleia Legislativa, diante de divergências entre o Regimento Interno e a Constituição Federal, havia um temor, entre alguns deputados estaduais, de que, caso fosse confirmada a suspensão do mandato de André Fernandes (Republicanos) por 30 dias, possível judicialização da causa poderia desestabilizar institucionalmente a Casa, desmoralizando a Assembleia no desfecho de um caso que ganhou forte repercussão pública. Por conta disso, a mudança na votação de projetos disciplinares contra parlamentares, que passa a ser aberta, foi vista como uma providência para evitar que decisões do Legislativo possam ir parar na Justiça. Deputados, inclusive, ficaram aliviados porque o próprio André Fernandes apoiou a medida, o que leva alguns a acreditarem que ele perde o possível argumento para judicializar o caso.



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