O governador Elmano de Freitas (PT) disse, na quarta-feira (7), que o PT deve realizar um encontro municipal para definir o candidato do partido à Prefeitura de Fortaleza por meio da votação de delegados. A declaração do chefe do Executivo, petista que ocupa o principal cargo político no Estado, voltou a agitar os bastidores da escolha da legenda.
Ao sugerir o encontro, Elmano resgatou um histórico do partido que adota a metodologia há várias eleições, uma das quais ele mesmo participou e acabou escolhido como candidato, em 2012. Entretanto, a sugestão do governador, além de ter um peso maior do que qualquer outra, tem outras leituras.
Elmano tem procurado dar cada passo dentro da corrida eleitoral na Capital com bastante cuidado, dentro do que a delicadeza da empreitada exige. Ele é historicamente ligado à deputada federal Luizianne Lins, uma das pré-candidatas. Entretanto, deve sua eleição ao Palácio Abolição à aliança com o ministro Camilo Santana e à articulação do presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, outro pré-candidato.
Nos bastidores quem acompanha de perto sabe que Elmano está alinhado a Camilo na defesa do nome de Evandro. Todos ao redor sabem também que é preciso esse esforço para tentar evitar rusgas entre os dois nomes mais fortes na corrida interna.
Pois bem, a declaração do governador confirma estar muito difícil o partido definir o candidato com dois terços dos votos do diretório municipal. Ou seja, uma indicação direta parece estar inviável.
Sobram, então, duas possibilidades: a hipótese de prévias ou a realização do encontro municipal, em que a escolha é feita por meio de delegados escolhidos pelas correntes partidárias.
O governador deixou claro que, na opinião dele, a última hipótese deve ser descartada pelo risco de gerar desgaste para o PT antes mesmo do embate com os adversários nas urnas. Ele defende um tipo de meio-termo.
Fontes desta coluna que acompanham de perto os movimentos internos dizem que Evandro Leitão já tem a maioria no diretório para ser escolhido o candidato, mas ainda há articulações para tentar formar o que se aproxime do consenso.
Movimentações internas
As escolhas dos candidatos no PT geralmente têm esse momento de especulações em que cada grupo defende os nomes. Entretanto, o disse-me-disse cresceu, na visão de petista ouvidos por esta coluna, por conta da demora do governador e do ministro Camilo Santana em “entrar” no debate para tentar pacificar as correntes.
Elmano, por sinal, está desde o início de fevereiro tratando o problema de saúde que já o afastou por muitos dias das tratativas. O retorno dele às atividades renova as esperanças de solução dos conflitos. Por isso, foi grande a repercussão sobre essa declaração dele na quarta-feira.