Posse concorrida e influência política fazem de Chiquinho Feitosa personagem da sucessão estadual

Em Brasília, ao assumir mandato de senador temporariamente, Feitosa mostrou trânsito na política e no Judiciário

Desde cedo, no Senado Federal, o alto fluxo lideranças influentes em Brasília indicava que o movimento era atípico para o que viria no fim da tarde: a posse de um suplente de senador.  

Geralmente, este tipo de evento ocorre dentro dos gabinetes. Chiquinho Feitosa, o empresário cearense que agora é senador, após a licença de Tasso Jereissati, reuniu um grupo diverso e poderoso, dando uma cara de liderança de destaque, que se tornou, provavelmente, sem querer. Foram as circunstâncias. 

A circulação das lideranças, a maioria delas cearenses, ganhou uma conotação diferenciada após às 16h, quando o presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (DEM), convocou à Mesa Diretora para a posse, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Humberto Martins. 

Não é usual que ministros do Judiciário, que representavam na Mesa outros membros da Justiça ali presentes - como desembargadores - estivessem na posse de um senador suplente.  

Além disso, a posse de Chiquinho Feitosa promoveu um encontro de lideranças do grupo governista no Ceará, e esse é o capítulo mais relevante dessa história.

Nem Camilo Santana, o governador do Estado, que teve uma agenda com o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, no mesmo horário, deixou de comparecer ao Senado para o evento, mesmo chegando um pouco atrasado. 

Isso não acontece por acaso. Além de Camilo, o senador Cid Gomes, um grupo de mais de 10 deputados federais, um número considerável de prefeitos, inclusive José Sarto (PDT), de Fortaleza, o presidente da Câmara Municipal da Capital, Antônio Henrique, e o da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, posaram para as fartas fotos ao lado de Feitosa na quarta (3). 

Em entrevista a este colunista antes de tomar posse, Chiquinho havia dado uma declaração até surpreendente para um outro qualquer suplente que estivesse assumindo o cargo. Disse ele: é fundamental o Senado pautar logo a indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal.  

O caso está na CCJ e o presidente do colegiado, Davi Alcolumbre, está travando. A declaração, por se tratar do autor, ganhou peso maior e circulou no âmbito dos operadores do direito em Brasília no mesmo dia. 

Política partidária 

Por esses fatos e outros, Feitosa é o favorito para assumir, no Ceará, o comando do partido União Brasil, que será o maior com atuação no Congresso Nacional, com maior tempo de rádio e TV e também mais recursos do Fundo Eleitoral. 

Conforme já publicamos nesta Coluna, Chiquinho disputa a indicação com Capitão Wagner, hoje no Pros.  

Os agentes políticos experientes com quem este colunista conversou em Brasília apostam todas as suas fichas e dão como certa a indicação de Chiquinho ao comando estadual do partido, por conta de todo o contexto envolvido e suas simbologias políticas. 

A influência no Judiciário, no poder político estadual e no setor produtivo – a recepção dos convidados ocorreu na Confederação Nacional dos Transportes – foi emblemática. 

Governista de olho 

É o interesse do grupo governista local que o aliado esteja no comando da legenda nova. “Imagine ontem... Chiquinho era um presidente regional do DEM querendo o comando do União Brasil. Hoje, é um senador que quer o comando. Tem diferença, né?”, exemplificou Cid Gomes a este colunista, ao reforçar que defende os acordos para Chiquinho liderar o novo partido no Ceará. 

Tirar a sigla da oposição é um objetivo dos governistas e isso ficou provado na quarta-feira em Brasília. E Chiquinho Feitosa, um articulador partidário de bastidores, ganhou uma conotação relevante para o cenário político estadual.