O que está por trás do sucesso da aviação regional em Campina Grande (PB)? Entenda

Como explicar o grande sucesso da ampliação de tantos destinos da Azul em Campina Grande (PB), que comentamos na última coluna? 

Ocupação média superior a 80%, para 4 novos destinos, mesmo nível de qualquer grande centro brasileiro. 

Como, do dia para a noite, surgiram 50% a mais de passageiros no mês de junho?

Não direi que o grande sucesso das operações é a alta estação e o maravilhoso São João Campinense, ainda que o turismo tenha certamente influenciado as ocupações que aqui informamos. Se assim fizesse, esqueceria os diversos predicados da cidade enquanto lugar de se morar e trabalhar.

Na minha opinião, o que explica o sucesso é: muito mais pessoas querem voar. Quando lhes dão a oportunidade correta, elas voam. 

O mercado de Campina Grande era muito subaproveitado. Basta olhar para outros grandes centros do Nordeste: Juazeiro do Norte e o cariri cearense; Petrolina (PE) e Juazeiro (BA); Vitória da Conquista (BA).

Comparamos população no entorno das cidades, PIB per capita médio e a quantidade de passageiros movimentados entre janeiro e maio do presente ano:

Da tabela acima, depreende-se que o perfil socioeconômico de Campina Grande é muito parecido com os três demais centros nordestinos que são, respectivamente: 3º, 4º e 5º mercados aéreos do interior do Nordeste.

Assim, Campina ser apenas o 9º mercado, com menos de 1/3 da demanda era algo extremamente não correlato, anômalo: e a Azul percebeu o bom potencial. 

“A companhia percebeu um grande potencial de demanda e viu uma oportunidade entre os voos ofertados. As recentes melhorias e reformas realizadas no Aeroporto João Suassuna também foram importantes. Com a operação ampliada, a Azul aumentou em 80% o número de postos diretos de trabalho na região”, informou a Azul

Conexão no Nordeste

O jogo virou. Campina Grande é o ponto do interior mais conectado ao Nordeste: Salvador, Recife, Fortaleza. A única fora da Bahia que possui ligação com a cidade maravilhosa. Incrível o que a política de atração paraibana construiu.

Direi que o sucesso é também, portanto, o olhar fora da caixa da Azul. A companhia apostou em um grande centro, dos mais ricos do Nordeste, inexplicavelmente quase inexplorado (média de 2 decolagens comerciais por dia), já que movimentava menos de 150 mil passageiros em 2019, média pouco maior que 12 mil passageiros por mês. Pensou fora da caixa porque não correu para alocar mais capacidade em João Pessoa, item que até seria coerente.

Assim, Campina é o exemplo de tantos possíveis locais do Nordeste e do Brasil que ainda são sub-explorados no modal aéreo. Enquanto isso, milhões e milhões de passageiros ainda são negligenciados por companhias que sequer têm ou se preocupam em possuir o avião certo para explorar o interior do País. 

Mossoró, Caruaru, Feira de Santana, Sobral são exemplos de cidades que poderiam ter mais voos.

E esse é o grande diferencial da Azul. A empresa tem vários aviões certos para o interior do País, desde o Embraer 195, passando pelo excelente ATR-72, até o Caravan. Jamais se pode questionar a demanda do interior do País.

Mais passageiros

Outro dia, ouvi o presidente da Azul dizer: “todos esses passageiros regionais que a Azul adiciona à malha brasileira são bons para todas as companhias, pois eles agora descobriram o modal aéreo.” 

E é a pura verdade. Campina Grande é gigante, possui mais de 400 mil habitantes, e é cercada por pequenas cidades que emitirão novos passageiros. Não mais somente por João Pessoa ou Recife, mas agora têm uma 3ª porta mais ofertada bem pertinho de casa.

A Azul surge com ligações óbvias e historicamente negligenciadas como o Fortaleza-Campina Grande. Já se mostra um sucesso no primeiro mês. A empresa deseja chegar a 200 destinos, hoje opera mais de 150, número maior que a Gol, com mais de 70 destinos e Latam com 54 destinos diretos.

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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.