Durante um poadcast da agência Epbr, gravado e divulgado na sexta-feira em Aracaju (SE), em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo (ABPIP), Márcio Gonçalves, CEO da Noxis Energy, revelou que as obras de construção da refinaria de petróleo que sua empresa construirá no Complexo do Pecém “começarão no início do próximo ano” de 2025.
Nesse empreendimento – disse ele – serão investidos US$ 1,4 bilhão. A unidade de refino produzirá diesel para navios (bunker), gasolina e querosene de aviação para o mercado cearense e nordestino.
Gonçalves revelou que a planta da refinaria já tem licenciamento prévio, devendo até o fim deste ano receber do Ibama a Licença Ambiental de Instalação, o que significará autorização para o início de sua implantação.
Ele também disse, ao longo do poadcast, que a Noxis já celebrou contrato com a Companhia do Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), em cuja geografia reservou o terreno onde sua indústria será construída.
A Noxis – explicou Márcio Gonçalves – é uma empresa desenvolvedora de projetos, integrada por investidores brasileiros, que hoje cuida da instalação de três projetos de refino de petróleo – os outros dois estão na sergipana Aracaju e na baiana Ilhéus.
O projeto baiano, no qual serão investidos US$ 2 bilhões, será o maior dos três, pois terá capacidade para refinar 200 mil barris/dia; o sergipano, que absorverá investimento de US$ 800 milhões, será o menor, com 60 mil barris diários; e a capacidade da planta do Pecém, com US$ 1,4 bilhão de investimento, será de 100 mil barris de petróleo por dia.
“Dos nossos três projetos, o mais adiantado é o do Pecém. Já temos lá a Licença Prévia, já temos o terreno e já temos o fornecedor do petróleo (ele não o revelou)”, disse ele, citando esses três itens como os mais importantes para a fase de partida do empreendimento.
“Estamos agora indo para a Licença de Instalação. Estamos cumprindo as condicionantes da Licença Prévia, que, até o fim deste ano, deverá ser obtida. Este é nosso projeto mais avançado e a obra deverá começar no início do ano que vem. Em Sergipe, já estamos com a Licença Prévia, e agora estamos trabalhando no final da apresentação da documentação para requerer a Licença de Instalação. Na Bahia, já definimos que a planta será construída no Porto de Ilhéus e já estamos na parte de regularização fundiária”, explicou o CEO da Noxis Energy.
Ele também disse que a refinaria do Pecém “será uma unidade muito moderna, razão pela qual estamos assessorados pelos melhores tecnólogos do mundo”. E haverá demanda para tanto produto refinado? Márcio Gonçalves respondeu:
“O Brasil importa, por dia, um navio de derivados – gasolina ou diesel ou querosene de aviação. Até 2032, serão dois navios por dia. Até 2050, se o Brasil continuar crescendo do que jeito que está, serão seis navios. Então, existe uma demanda para diesel e gasolina aqui no Brasil, da mesma forma que também existe demanda para querosene de aviação”, ele disse, acrescentando:
“Nós fazemos análise de mercado em cada região. No Ceará, já fizemos essa análise. Com nossa unidade do Pecém vamos conseguir atender grande parte da demanda do Ceará e das regiões próximas. Vamos produzir lá, basicamente, diesel, gasolina, GLP, querosene de aviação e bunker, mas um bunker de baixo enxofre. A demanda desse bunker aqui no Brasil é grande porque os navios que vêm de Cingapura (Ásia) passam pelo Pecém e vão abastecer-se de bunker nos EUA. Já temos um acordo assinado com uma companhia (de navegação, que ele não identificou) que consumirá toda a nossa produção, que se destinará ao abastecimento dos seus navios que passam pela costa brasileira.”
Gonçalves também disse que a refinaria da Noxis Energy no Pecém terá também, entre seus fornecedores, empresas produtoras independentes, abrindo para elas o novo mercado. E fez questão de ressaltar:
“Abre-se para o Brasil uma oportunidade de o país livrar-se de produtos externos (derivados de petróleo). No caso de uma refinaria, podemos vê-la como uma loja âncora, que atrairá outros investimentos, como uma petroquímica, por exemplo.”