Ainda não se normalizaram as relações do empresariado com a Enel-Ceará, distribuidora de energia elétrica em todo o território estadual.
Esta coluna está informada de que um grupo deles, incluindo industriais e agropecuaristas, pretende levar a querela para apreciação do Poder Judiciário.
Eles alegam prejuízos crescentes causados pela demora na execução de um serviço que, antes da Enel, era trivial – a ligação de energia em residências unifamiliares e condominiais, em indústrias localizadas em Fortaleza e em cidades do litoral e do interior do Estado e em estabelecimentos agrícolas na zona rural. Hoje, há queixas de que, em alguns casos, essa demora chega perto de dois anos.
Antes de recorrerem à Justiça, os empresários tentarão uma embaixada direta com a direção da Enel-Ceará para buscar uma solução.
Não será fácil, porque a empresa segue orientação do seu comando brasileiro, que não está aqui, mas no Sudeste. Esse comando tem um objetivo: manter e fazer crescer sua lucratividade.
Não há, da parte dos empresários, qualquer reparo à intenção da Enel de aumentar seus lucros no Ceará, desde que, em contrapartida, ela cumpra as rotinas administrativas das grandes corporações, principalmente as que dizem respeito às demandas de seus clientes, pessoas físicas e jurídicas. Simples assim.
Na Itália – onde tem sede o Grupo Enel, controlador da Enel Brasil que controla a Enel Ceará – é muito boa a relação da empresa com a multidão de pessoas e empresas que consomem seus serviços. Essa relação deveria ser assim, também, aqui.
As reclamações contra os serviços da Enel em Fortaleza e na maioria dos municípios do Estado do Ceará têm congestionado o Procon, onde há semelhante irritação com o setor de telecom, aí incluídas as operadoras Tim, Claro, Vivo e Oi.
O setor de energia elétrica, no Brasil e no mundo, atravessa um momento de transição, que envolve, principalmente, o direito que já tem o consumidor de gerar sua própria energia ou de comprá-la de qualquer fornecedor por meio do Mercado Livre.
Isto já reduziu e reduzirá ainda mais o poder de fogo das distribuidoras estaduais, como a Enel-Ceará, que terão de usar de engenho e arte para 1) manter a fidelidade de sua clientela, 2) executar, no menor tempo possível, os projetos de ligação de energia em estabelecimentos citadinos e rurais, 3) manter os investimentos na melhoria de sua infraestrutura.
RECARREGANDO O CASTANHÃO
Boas notícias chegam da região Centro-Sul do Ceará, onde intensas chuvas têm caído nos últimos dias, causando enchentes do rio Salgado, cujo leito, já cheio pelas águas do Projeto São Francisco, recarregam o açude Castanhão, que hoje acumula apenas menos de 10% de sua capacidade total, que é de 6,7 bilhões de metros cúbicos.
As chuvas têm caído, também, sobre os municípios da Chapada da Ibiapaba, onde agricultores de outros estados descobriram as virtudes do seu solo, principalmente o da região do Carrasco, investindo no cultivo de soja e milho usando somente água da chuva.
No município de Ibiapina, um agricultor gaúcho está plantando soja em uma área de 100 hectares, cuja primeira safra será colhida no próximo mês de junho.
Essas precipitações, segundo a Funceme, não são provocadas por influência da Zona de Convergência Intertropical, a ZCIT, razão pela qual está mantida a previsão de que há apenas 20% de chance de as chuvas de março, abril e maio serem acima da média histórica.