Grupo de tecnologia que trabalha globalmente para acelerar a descarbonização da indústria pesada, a australaiana Fortescue informa que acaba de ser aprovado o seu projeto para a instalação de uma planta de Hidrogênio Verde (H2V) no Setor 2 da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Complexo do Pecém, no Ceará.
A decisão do Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (CZPE) ocorre menos de duas semanas após o presidente Lula sancionar, em 30 de setembro, o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono e Investimentos (PHBC).
A aprovação do projeto em um regime como a ZPE consolida um esforço conjunto e integrado do Governo Federal, do Estado do Ceará, do Congresso Nacional, da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIVH) e da Fortescue para a consolidação da indústria de produção e distribuição de Hidrogênio Verde no Estado.
Para Luís Viga, country manager da Fortescue no Brasil, regimes como a ZPE são fundamentais por conta dos diferenciais competitivos estabelecidos entre todos os agentes envolvidos, como o poder público Federal, Estadual, Complexo Industrial e Portuário do Pecém e a indústria.
“Esse é mais um passo para garantir que o Brasil possa realizar seu potencial de ser líder global na transição para a economia de baixo carbono, o que passa necessariamente pela concretização do Hidrogênio Verde como fonte de energia e insumo industrial viável”, como diz Viga.
Por sua vez, Sebastian Delgui, diretor regional de Assuntos Públicos, Comunidades e Comunicações da Fortescue, enfatiza que “este é um importante marco para o desenvolvimento do projeto no Brasil, pois a Fortescue sempre considerou o apoio da ZPE como um ativo para esta iniciativa”.
O pré-contrato assinado para execução do projeto prevê investimentos de R$ 20 bilhões para construção de uma das maiores plantas de Hidrogênio Verde do mundo. A expectativa da indústria gira em torno da regulamentação e certificação da lei para que investimentos sejam destravados.
O avanço do Projeto Fortescue no Pecém ainda depende de uma decisão final de investimento (FID, por sua sigla em inglês), que deve ser avaliada em 2025 pela diretoria da empresa.
De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), já foram anunciados mais de 60 projetos de hidrogênio a partir de fontes renováveis no Brasil, os quais somam R$ 188,7 bilhões. Só o Ceará conta com mais de 40 Memorandos de Entendimento (MOU, na sigla em inglês).
O Projeto Pecém da Fortescue prevê a produção de cerca de 500 toneladas diárias de H2V a partir da eletrólise da água, utilizando 1,2 gigawatts de energia renovável.
Além de gerar energia limpa, o hidrogênio produzido pode ser utilizado no transporte e na fabricação de outros produtos verdes, desenvolvendo áreas transversais da cadeia de valor do H2V em todo o país, com a produção sustentável de fertilizantes, aço e ecombustíveis. A nova indústria de H2V surge como um vetor da neoindustrialização verde no Brasil.
A Fortescue trabalha atualmente nas últimas definições e ajustes do projeto de engenharia que serão importantes antes de iniciar a preparação da área da planta de Hidrogênio Verde, cumprindo com todas as normativas socioambientais.
Por outro lado, a Fortescue está discutindo com atuais e possíveis fornecedores detalhes do projeto para, assim, seguir avançando com a contratação de serviços e produtos locais necessários para seu desenvolvimento.
A companhia recebeu recentemente a Licença de Instalação da autoridade ambiental do Estado do Ceará, a Semace, para iniciar as obras de preparação do terreno e espera anunciar, em breve, a data de início das intervenções de preparação da área, que devem começar até o final do ano.
Como parte de sua transparência, a Fortescue continuará a comunicar o progresso de seu projeto e suas atividades às partes interessadas locais à medida que se avança nas definições do empreendimento.