Para o Banco Mundial, o Ceará pode tornar-se o berço nacional brasileiro da transição energética, com foco na produção do Hidrogênio Verde (H2V).
É o que está escrito, com outras palavras, em projeto elaborado pelo banco e encaminhado ao Governo do Estado após duas semanas de reuniões por videoconferência, missão virtual, entre as partes. A última dessas reuniões foi realizada sexta-feira passada, 18.
“O Ceará está no lugar certo e no momento certo no atual contexto mundial” relativo à geração de energias renováveis, assinala o Banco Mundial no seu documento.
As videoconferências foram realizadas por uma missão do Banco Mundial, da qual participaram professores da Universidade Federal do Ceará, UECE e IFCE, técnicos da Federação das Indústrias (Fiec) e secretários do Governo do Estado, entre os quais o do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Maia Júnior, e o secretário Executivo e Secretaria Executiva da Casa Civil, economista Célio Fernando de Melo.
“A positiva avaliação do Banco Mundial sobre o que Ceará vem fazendo para viabilizar a implantação de um Hub de H2V no Pecém nos motiva a acelerar ainda mais o nosso trabalho”, diz à coluna Célio Fernando, que coordena o Grupo Técnico Estratégico criado por decreto do governador Camilo Santana e qual fazem parte também a UFC, a Fiec e organismos da estrutura administrativa estadual.
Essa avaliação, oriunda de um dos maiores organismos multilaterais de fomento, pode reforçar as boas perspectivas para o projeto do Hub do Hidrogênio Verde, entre as quais o acesso a financiamentos internacionais, desde que, porém, haja o que Célio Fernando chama de “espaço fiscal”, ou seja, capacidade do governo cearense de oferecer contrapartida.
“Isso dependerá de uma análise da Secretaria da Fazenda, Secretaria de Planejamento e, fundamentalmente, de uma decisão do governador Camilo Santana.
O Banco Mundial dispõe de fundos não reembolsáveis disponíveis para a constituição de um Fundo Nacional de Inovação para a Transição Energética que poderá ser gerido pelo Governo do Ceará por meio da Adece, que é sua agência de fomento.
Por sua vez, o secretário do Desenvolvimento Econômico, Maia Júnior, informa que ele e sua equipe estão totalmente dedicados a oferecer toda a colaboração necessária às 16 empresas estrangeiras e nacionais que já celebraram Memorando de Entendimento com o Governo do Estado para a implantação de unidades produtoras de Hidrogênio Verde no Pecém.
Algumas delas já avançaram, como a Fortescue, que já trata dos pré-contratos com a CIPP S/A, administradora do Complexo do Pecém e da ZPE do Ceará, em cuja geografia deverá construir sua unidade produtora de H2V.
A EDP Brasil, controlada por capitais portugueses, promete que, em 2025, produzirá Hidrogênio Verde em sua unidade do Pecém. A EDP, vale salientar, é dona de uma Usina Termelétrica (UTE) movida a carvão mineral. Para que o seu H2 ganhe o V de Verde, a EDP terá de utilizar energia limpa.