2024 será um Feliz Ano Novo? Pode ser que sim

Seca no Ceará e no Nordeste, ameaça de guerra na América Latina, além dos conflitos na Ucrânia, em Israel, na Síria e na África -- tudo isto cria um cenário de apreensão, mas sobra a esperança de paz e prosperidade

Do ponto de vista de hoje, o Ano Novo de 2024, que nascerá na segunda-feira, 1º de janeiro, repetirá, no Brasil e no mundo, notícias velhas deste agonizante 2023. 

Por exemplo: o Ceará e toda a região Nordeste já foram advertidos pelos institutos nacionais e internacionais monitoradores do clima de que terão uma nova seca, cuja duração poderá ser longa ou não. 

Sob a ótica da economia, uma seca aqui tem, como sempre teve, o efeito de uma guerra, principalmente quando essa estiagem chega coincidindo com o baixo volume dos grandes açudes do estado, como é o caso de agora. 

Vista pelo lado social, a seca – que já provocou saques e mortes pela fome nos sertões nordestinos até os anos 60 do Século passado – causa hoje menos problema porque o governo, para minimizar seus efeitos, cuida de abastecer com caminhões-pipa a sedenta população das cidades e ainda aplica uma injeção de dinheiro vivo na veia dos que, naqueles idos tempos, eram chamados de “flagelados”.

Será 2024 um ano de eleição municipal, o que quer dizer que os gastos das prefeituras aumentarão, e o dos governos estaduais mais ainda. É que prefeitos e governadores terão – muitos já a têm e a desenvolvem – uma estratégia para eleger o seu candidato na maioria dos municípios, garantindo, assim, uma base forte para suas pretensões eleitorais em 2026. Faz parte do jogo.

Como em 2022 e 2023, os cearenses continuarão torcendo para que, finalmente, saltem do sonho para a realidade os projetos de implantação das primeiras unidades de produção do Hidrogênio Verde (H2V) no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. No último minuto do segundo tempo da prorrogação do perído legislativo de 2023, o Congresso Nacional aprovou o texto base do Projeto de Lei que regulamenta a atividade de produção do H2V. 

O próximo passo será dado pela australiana Fortescue, pela brasileira Casa dos Ventos, pela cearense Uruquê Energia Verde e pela multinacional Qair, que têm projetos prontos e com licença prévia do Ibama. A não ser que seja maior e mais forte o lobby das energias fósseis, tudo indica que essas quatro empresas iniciarão as obras físicas de construção de suas unidades industriais no Pecém ao longo do Ano Novo de 2024. 

Esse quarteto pretende investir perto de R$ 50 bilhões nos seus empreendimentos, para os quais já contam com a oferta garantida de energia renovável solar fotovoltaica e eólica onshore (em terra firme).

Ao longo do Ano Novo de 2024, os governos federal e estadual renovarão as promessas de 1) conclusão das obras de duplicação do IV Anel Viário, que enlaça Fortaleza e liga os portos de Pecém e Mucuripe; 2) continuação das obras do Cinturão das Águas do Ceará (CAC); 3) início dos serviços de duplicação da BR-116 de Chorozinho até Boqueirão do Cesário; 4) mais uma ampliação do Porto do Pecém para que ele possa suportar o aumento da movimentação de carga que gerarão as indústrias de produção do H2V; 4) início das obras de construção do Ramal do Salgado, última etapa do Projeto São Francisco de Integração de Bacias; 5) finalização do projeto executivo do Arco Metropolitano, uma estrada de 100 Km, de pista simples, mas com vários viadutos, que ligará a BR-116, em Pacajus, ao Porto do Pecém.

No mundo, terão continuidade as guerras na Ucrânia e em Israel, ambas com perspectiva de escalada, algo que interessa aos países produtores de armamentos, entre eles os EUA. A guerra na Síria, que mata mais gente do que a da Ucrânia, prosseguirá sem atenção da mídia. As guerras africanas também manterão sua matança, mas com pouca divulgação da imprensa. 

Na América do Sul, que sempre foi uma área de paz, poderá eclodir uma guerra: a Venezuela, comandada pelo ditador Nicolás Maduro, ameaça invadir a Guiana e tomar dela, pela força, a região de Essequibo, sob cujo chão há um oceano de petróleo já explorado pela Exxon, a gigante petrolífera dos EUA, cujas forças militares sempre se movem para defender os interesses empresariais norte-americanos em qualquer parte do mundo. Maduro sabe disto. 

Diante de tudo o que está dito acima, sobra espaço e resta a esperança desta coluna de que 2024 seja mesmo um Feliz Ano Novo. Pode ser que sim.