Tudo parece acelerado, e o tempo curto. Nem precisa abrir o jornal: as redes sociais nos bombardeiam com notícias tão chocantes que anestesiam. Há pouco tempo e muito trabalho, mas sempre há tempo para ter e ver muita opinião sobre tudo. Um esforço mental gigante a cada clique e mal notamos.
Tudo ficando muito literal e objetivo. Mas aí dezembro vai passando, e as luzes coloridas vão se acendendo nas praças e nos shoppings da cidade. Um convite para sair do tempo acelerado e da literalidade para reencontrar a magia do Natal.
Há quem não se abra para ela. Eu sempre tento mergulhar de cabeça. Neste ano, planejei costurar uma enorme bolsa vermelha para o Papai Noel levar os presentes da criançada à meia noite. Não deu.
Mas não abri mão de montar a vistosa árvore com a qual celebramos um anjo, repleta de enfeites e pronta para receber os presentes de toda a família aos seus pés. Não foi na data certa, será que tá valendo? Nem sei.
Escrevo cartas ao Papai Noel nem que seja mentalmente. É uma forma de repassar o ano, pensar sobre o que quero que permaneça um pouco mais. Lembro de receber cartas-resposta do bom velhinho na infância e quero que meu filho tenha a mesma experiência.
Não para que se julgue merecedor de grandes presentes, mas para que elabore o seu ano, exercite o pensamento e finque os pés no chão. O presente maior é a carta que não está na árvore, eu acho.
Que a gente aproveite o espírito natalino e a festa. Natal tem cor, tem cheiro e tem gosto. É vermelho, cheira a chester cozinhando por longos minutos e tem gosto de farofa. É tempo de encontro familiar, de abraço e de risada. De amigo secreto para expressar sentimentos e de amigo da onça para fazer rir.
A cidade também celebra o Natal. Como estão, neste ano, as luzes da Assembleia e a árvore da Praça Portugal? Já ouviu o coral no Natal de Luz?
Meu filho parou tudo que estava fazendo para ver o cortejo do caminhão de refrigerante passar. Sou a favor de atrapalhar o trânsito no meio da semana para lembrar o mundo de viver a magia, mesmo que seja a mercadológica. Será que assim a turma olha e vê?
É que o tempo parece curto. As semanas voam. Quem tem sorte ainda há de pegar um dos ônibus iluminados de natal que circulam pela cidade e pelos terminais. Uma luz que me lembra Cartagena e o realismo mágico de García Márquez.
Os shoppings estão abarrotados. Todos os papais noéis já chegaram? Nem sei. Não importa. A verdadeira magia é outra. É o tempo? É tempo de Natal.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.