A eliminação para o Iguatu, na 2ª fase do Campeonato Cearense, fica marcada como um vexame histórico do Ceará Sporting Club. A derrota no tempo normal, seguida da derrota nos pênaltis, constitui uma das maiores vergonhas que o clube já passou nos últimos anos. E há alguns números que dimensionam ainda mais isto.
Antes, um registro: o bravo e valente Iguatu tem muitos méritos na classificação. Foi guerreiro, superou as próprias limitações e conseguiu o que muitos achavam praticamente impossível. Passa de fase com merecimento. Palmas ao Azulão.
Mas isso não apaga a crítica ao lado alvinegro. No 5º ano seguido que está na Série A do Campeonato Brasileiro, participando pela 2ª temporada consecutiva da Copa Sul-Americana, o Alvinegro não chega sequer na semifinal do Estadual. Deixa a disputa com apenas 2 jogos. Enfrentou 1 único adversário e não conseguiu se classificar.
Com isso, já são 4 anos sem conquistar o título do Campeonato Cearense. Algo que era um objetivo traçado no início do ano e que o clube iria priorizar, segundo o presidente Robinson de Castro.
Disparidade financeira
É inevitável traçar comparação entre o patamar financeiro das duas equipes. Em 2022, o Alvinegro tem o maior orçamento da história do clube e também do futebol cearense, com receita bruta estimada em R$ 163.868.553,99.
Por outro lado, o Iguatu não vai sequer disputar competições nacionais neste ano. Com a campanha do Estadual, está classificado para a Série D 2023, mas tem um orçamento que não chega a R$ 2 milhões para este ano.
Uma folha do Alvinegro equivale a 25 vezes a do Azulão. O gasto mensal do Ceará com salários do elenco gira em torno de R$ 3,5 milhões/4 milhões, enquanto o Iguatu tem uma folha salarial por volta de R$ 140 mil.
Vários jogadores do elenco do Vovô, individualmente, ganham mais que todos os jogadores do Iguatu juntos. Só o salário de Vina, por exemplo, é mais que o dobro dos R$ 140 mil.
Marcas históricas
Esta é a pior campanha do Alvinegro no Campeonato Cearense em 66 anos. Antes desta, a pior havia sido no Estadual de 1956, quando ficou em 6° lugar, de acordo com levantamento do jornalista Luca Laprovitera.
Com o Ceará fora, pela primeira vez em 77 anos, não haverá Clássico-Rei no Campeonato Cearense. A ausência emblemática não ocorre desde 1945, quando o Vovô não participou da disputa.
A última vez que o Alvinegro não ficou ao menos entre os semifinalistas da competição foi em 2016.
Foi, também, a segunda disputa de pênalti consecutiva que este mesmo elenco do Alvinegro perde. Antes, já havia sido derrotado pelo Bahia, na final da Copa do Nordeste.
Os números nem precisavam ser evidenciados para que o vexame ficasse claro, mas eles dão uma dimensão ainda maior para o acontecido.
Já havia alertado para um dos principais problemas do Ceará. Em algum momento, a conta chega.
E chegou.