Bastidores da negociação e motivos para o Ceará contratar Lucho González

Negociação teve encontro presencial e escolha por perfil respeitado e vitorioso como critério determinante

Agora é oficial. Lucho González foi anunciado e será o comandante do Ceará no restante de 2022. O argentino de 41 anos, multicampeão como jogador, desembarca na sexta-feira (26) com os membros da comissão técnica e terá a primeira experiência como treinador.

Sem dúvidas que Lucho é inexperiente como técnico e uma aposta do Ceará. O que virá pela frente é uma incógnita. Mas a Coluna traz detalhes dos bastidores e motivos que fizeram o Ceará apostar em 'El Comandante'.

Bastidores da negociação

Desde a saída de Marquinhos Santos, a diretoria do Ceará contactou outros treinadores para o cargo, como o Diário do Nordeste noticiou. Após não avançar em nomes nacionais e ampliar o leque para estrangeiros, o nome de Lucho González surgiu na quarta-feira (17).

Após busca por referências e coleta de informações gerais sobre o perfil do ex-meio-campista, com diversas pessoas do futebol, a cúpula do Departamento de Futebol do Vovô, que iria para São Paulo para o jogo contra o Bragantino, contactou o ex-atleta para convocar uma reunião presencial. O argentino saiu de Curitiba (onde tem residência fixa) e foi até a capital paulista para o encontro, na sexta-feira (19).

O que seria apenas um almoço quase entrou pelo jantar. Após uma tarde inteira de conversa, foi exposto o projeto do Ceará e Lucho também expôs sua forma de ver futebol, assim como as perspectivas para iniciar a carreira de treinador e o conhecimento já colhido do Vovô. A impressão foi positiva de lado a lado e o nome já ganhou força ali.

Na noite de segunda-feira (22), em reunião realizada em Porangabuçu, já com a presença de mais membros da diretoria executiva e do conselho deliberativo, o nome de Lucho foi exposto, debatido e houve avanço nas tratativas.

Chegou-se à conclusão de que, no momento, todos os nomes cogitados seriam apostas com prós e contras (inclusive a possível efetivação de Juca, como foi especulado, ou uma investida em Eduardo Barroca, que era um nome também observado, embora não tenha sido contactado) e que mais valia apostar num nome de respeito, mesmo que em início de carreira (mas que como jogador foi multicampeão) do que em um treinador com passagens por outros clubes, mas visto como mediano e de menos impacto e relevância no futebol.

Liderança e mentalidade

Lucho é o segundo argentino com mais títulos na história (30 troféus), atrás apenas de nada menos que Lionel Messi (com 39 conquistas). Fez parte de equipes vencedoras pelos clubes que passou, como Huracán-ARG, River Plate-ARG, Porto-POR, Olympique de Marseille-FRA e Athletico-PR.

A liderança sempre foi uma característica de destaque. Tanto é que Lucho foi capitão em vários momentos, inclusive no Furacão e até mesmo na Seleção Argentina.

Desde o início, o Ceará traçou o perfil de alguém que possa fazer boa gestão de elenco, "falando a língua dos jogadores" e que possa manter um bom clima interno. Resgatando o que acontecia na época de Dorival Júnior. Foi um nome, inclusive, bem avaliado por jogadores do elenco.

Conhecimento do elenco e futebol brasileiro

Morando no Brasil há seis anos, Lucho González tem conhecimento do futebol brasileiro, do calendário e sabe a logística que enfrentará no restante do Brasileirão.

A avaliação da diretoria alvinegra é que este aspecto não seria um impeditivo para acertar com um nome que nunca vivenciou o futebol brasileiro, mas, sim, um dificultador.

Além disso, Lucho demonstrou bom conhecimento do elenco do Ceará, apontando características específicas de atletas e a forma que pode montar um modelo de jogo para potencializar individualidades.

Preparação e interesse

Ao contrário de outros nomes, Lucho mostrou, a todo momento, muito interesse, vontade e foco para trabalhar no Ceará. Em estágio inicial na carreira, o argentino vê o clube como um emergente no futebol brasileiro e com potencial de crescimento para disputar objetivos maiores. Competitivo, quer crescer na carreira junto com o clube.

Aposentado dos gramados desde maio de 2021, viveu experiência como auxiliar-técnico de Alberto Valentim, no Athletico-PR, e tem se preparado para virar treinador. Concluiu o curso de licença PRO da Conmebol e da AFA (Federação Argentina), que é válida para treinar em qualquer país da América do Sul e Europa.

Você pode concordar ou não, mas estes foram os critérios para o Ceará apostar em Lucho. Fato é que a escolha é surpreendente e apenas o tempo vai dizer se dará certo.