O Campeonato Cearense é a única disputa restante no calendário do Fortaleza até o início do Campeonato Brasileiro, marcado para o fim de maio. O Estadual servirá como uma espécie de intertemporada de preparação para o principal objetivo da temporada. E é, de fato, como jogos-treinos que o Tricolor tem encarado as partidas oficiais na caminhada pelo Tricampeonato. O empate em 0 a 0 com o Pacajus, na tarde desta quarta-feira (5), foi mais um exemplo claro disso.
O time foi bem modificado, é verdade, com o auxiliar-técnico Léo Porto dando oportunidade para que alguns atletas pouco utilizados por Enderson Moreira tivessem maior minutagem. Fazendo experimentos. Isso é absolutamente compreensível.
Mas uma percepção clara: o Fortaleza passou a sensação de que venceria o jogo no momento que quisesse.
Esta postura, aliás, já havia sido percebida mesmo na goleada por 4 a 1 sobre o Caucaia, na Arena Castelão. Acontece que a fragilidade do adversário naquela ocasião falou mais alto e facilitou a construção da vitória leonina. Contra o Pacajus, que impôs um pouco mais de percalços, a dificuldade foi maior e o triunfo não veio.
Ficou devendo
A partida disputada no estádio Ronaldão foi tão ruim quanto a qualidade do gramado. Um jogo fraquíssimo tecnicamente, de poucas chances de gol, dificuldades de articulação mais elaborada.
O Fortaleza teve muito mais posse de bola, o que era de se esperar, mas não conseguiu converter o volume em chances reais de marcar. Na melhor delas, ainda no primeiro tempo, Wellington Paulista cobrou pênalti de maneira bizarra e desperdiçou a grande situação de gol.
Não se pode fazer análises definitivas com base neste jogo, é fato, mas contra um adversário infinitamente inferior tecnicamente, o Fortaleza deveria ter apresentado mais.
Trabalho pela frente
Esta foi a primeira partida que o novo técnico Juan Pablo Vojvoda assistiu ao vivo do Fortaleza. Diretamente da Argentina, o treinador acompanhou pela internet o duelo e, certamente, observou que terá muito trabalho pela frente.
Uma das missões será de encontrar um padrão tático mais agressivo, vertical e efetivo, algo que o Fortaleza não apresentou nesta temporada ainda. O time construído por Enderson Moreira apresentou os mesmos problemas praticamente durante todo o trabalho do ex-treinador. Vojvoda chega com a promessa de maior imposição, ofensividade e intensidade.
Outra tarefa é recuperar jogadores. Daniel Guedes, que já chegou como uma incógnita, não consegue completar 90 minutos; Ronald foi pouquíssimo utilizado até aqui; Felipe volta de lesão; Osvaldo está mal desde a Série A 2020; Wellington Nem enfim entrou em campo, mas segue como incógnita.
O argentino precisará de tempo para desenvolver o trabalho e os jogadores também precisarão ajudar. A mudança de postura é um fator primordial para auxiliar neste processo. O que não dá é para encarar os próximos jogos da mesma forma que entrou em campo contra o Pacajus.