Empresas ou famílias, quem está mais endividado no Ceará?

O cenário econômico desafiador faz com que empresas e famílias busquem recursos, em volume e velocidade cada vez maior, para minimizar os efeitos econômicos negativos decorrente da pandemia. Aqui, no Ceará, a partir de dados de saldo de crédito, verifica-se que a velocidade atual de crescimento de dívidas é superior ao ano passado e chega a ser três vezes maior, quando comparado com o ano de 2019.

No contexto de dívidas com o sistema financeiro, no Ceará, segundo o Banco Central, em fevereiro de 2021, o montante de dívidas das famílias e empresas cearenses registrou a marca de R$ 87,7 bilhões, o que equivale a 52,1% do PIB do Ceará. No Brasil, a dívida total é de R$ 4 trilhões e a relação entre crédito e PIB nacional é de 54,0%.

Com dívida total de R$ 52,2 bilhões, a maior parcela das dívidas dos cearenses pertence às famílias, o que representa quase 60% do total. Ou seja, de cada R$ 100 em dívidas, R$ 60 são de responsabilidade das pessoas físicas. Pode-se inferir que as dívidas dos cearenses estão principalmente em cartão de crédito, cheque especial, crédito pessoal, imobiliário e veículos.

Embora de menor montante de dívidas, R$ 35,5 bilhões, são as empresas que apresentam forte aceleração do saldo de crédito nos últimos meses. Além das renegociações, que postergam o pagamento das parcelas, novas operações de crédito foram concedidas, como em operações de capital de giro, desconto de cheques, duplicatas e recebíveis. A velocidade de crescimento do crédito das pessoas jurídicas chega a ser quatro vezes superior ao mesmo período de 2020.

Ao tratar sobre dívidas, não necessariamente devemos tratar como algo ruim.

Nas finanças corporativas modernas, os recursos captados, podem alavancar os resultados empresariais. Nas finanças pessoais, também podemos elencar dívidas de boa qualidade, especialmente quando voltadas para a formação de patrimônio. Contudo, no momento, o que se observa são recursos captados, em grande medida, para a manutenção dos negócios e para sanar compromissos financeiros das pessoas físicas.

Espera-se que o crescimento do crédito tenha arrefecimento nos próximos meses, em decorrência da “normalização” das atividades econômicas esperada para o segundo semestre, sobretudo com maior geração de fluxo de caixa para as empresas. O melhor ambiente econômico também deve repercutir nas finanças das famílias, sobretudo quando da evolução positiva do mercado de trabalho e do fluxo de renda.

Grande abraço e até a próxima semana.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.