Nem terrivelmente evangélico nem terrivelmente de direita, mas terrivelmente "velha política". Aliás, não gosto desse termo - "terrível", mas a esperada indicação do presidente Bolsonaro ao STF merece esse adjetivo.
A frustração das ruas, que, a propósito, o elegeram foi geral com o envio do Dr. Kassio Nunes à vaga do decano Celso de Melo para a Suprema Corte brasileira.
A expectativa legítima da população era a de um novo ministro conservador e com convicções firmes a favor da Operação Lava Jato e da prisão em segunda instância.
A meu ver, o STF virou casa política há muito tempo. O famigerado ativismo judicial é uma realidade naquela Casa que deveria ser exemplo de justiça. Alguns ministros vêm desrespeitando o Congresso Nacional legislando sobre assuntos que são da competência de quem passou pelo teste das urnas: os parlamentares.
Fica evidenciado que o Governo Federal cedeu à pressão do chamado Centrão, a escória da velha política da barganha e negociações por meio de troca de favores. Os avanços no enfrentamento à corrupção serão dificultados ainda mais.
Basta ver a reação positiva de políticos investigados, que, de forma efusiva, comemoram tal "conquista". Triste ver que a esperança de todo um povo está sendo testada por causa de interesses pessoais menores, muitas vezes visando à blindagem de familiares poderosos.
O candidato a ministro precisa manifestar o que pensa em relação a temas polêmicos, como a liberação da maconha, do aborto e dos jogos de azar, pois acredito que tais posicionamentos revelam os valores e princípios que vão nortear sua conduta. Farei isso na sabatina com altivez. Até lá, conto com a sua mobilização que cobrará a coerência de seus governantes com o que foi pregado na campanha.
Não podemos perder a chance de ter um bom ministro por quase três décadas no STF. Como dizia o estadista irlandês Edmund Burke: "O mal só triunfa quando os bons cruzam os braços". Mãos à obra! Paz e bem.
Eduardo Girão
Senador