Com as prováveis mudanças na Previdência Social, o trabalhador brasileiro terá de buscar alternativas se não quiser depender do governo para garantir uma aposentadoria mais tranquila. Independentemente da aprovação da reforma da Previdência pelo Congresso ou de qual será o texto final, é certo que a maioria dos brasileiros será afetada e que a próxima geração de aposentados terá de cumprir regras mais duras para receber o benefício. Assim, cada vez mais, poupar e investir deixa de ser uma opção e passa a ser uma necessidade.
Normalmente, os planos de previdência privada costumam ser lembrados como a primeira opção para complementar a renda durante a aposentadoria, mas há outras opções disponíveis no mercado voltadas para todos os perfis de poupadores.
"Como já ocorre em outros países, a gente tem que construir uma poupança financeira ao longo da vida produtiva. Não necessariamente nos fundos de previdência privada ou de capitalização", pondera o economista Ricardo Eleutério. "E é isso que os brasileiros estão começando a enxergar de forma mais clara com a reforma da Previdência".
Entre as opções, Eleutério cita, por exemplo, aplicações isentas de Imposto de Renda, como a Caderneta de Poupança, a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA); opções com maior potencial de retorno, resguardadas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), como os Certificados de Depósito Bancário (CDBs); e mesmo investimentos em renda variável, como em ações de empresas pagadoras de dividendos ou em fundos imobiliários, que distribuem proventos regularmente aos cotistas.
"Há muitas opções, o importante é a gente criar uma cultura de poupança financeira, para fazer ao longo da vida", argumenta o economista.
Apesar da baixa rentabilidade nos últimos anos, mesmo a Caderneta de Poupança pode servir para quem deseja usufruir de uma reserva no futuro. Pessoas com renda de até três salários mínimos, por exemplo, dificilmente terão muitas alternativas de investimento, diz o economista Sérgio Melo, sócio da SM Consultoria. "Para essa faixa, que representa a maioria dos brasileiros, a principal aplicação ainda é a poupança, que tem liquidez imediata e é isenta de imposto de renda. Mas tudo vai depender no nível de renda de cada um", aponta.
Imóveis
No entanto, o economista diz que, mesmo para a faixa de até três salários mínimos, é possível investir em ativos geradores de renda, como imóveis. "Pouco se fala nisso, mas há loteamentos em que se pode pagar R$ 100 por mês e, no futuro, pode ser o melhor investimento da vida dessa pessoa. Em dois ou três anos, aquele lote pode valer muito mais e ainda tem a possibilidade de ter ganhos com o aluguel. É claro, que é preciso diversificar", aponta Melo.
O economista destaca que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 55% da população tem renda média de até R$ 2.166,00. "Nesta faixa, os melhores investimentos são aqueles com baixo risco e flexibilidade no montante a ser investido que é o caso dos Títulos do Tesouro Direto (Tesouro Direto Selic e Tesouro Direto IPCA). No caso daqueles com rendimentos entre R$ 2.166,00 e R$ 5.223,00 (cerca de 27% da população), há opções mais rentáveis, como CDB", diz.
Para os 13,6% da população, que estão na faixa entre R$ 5.223,00 e R$ 16.263, que têm disponibilidade de investir maior fatia do rendimento mensal e de optar por investimentos com risco médio, Melo destaca as Letras de câmbio e fundos multimercados.
"Fundos multimercados mais arrojados, debêntures e ações, são opções mais agressivas e sofisticadas, portanto são as melhores para uma pequena parcela da população, cerca de 3%, que tem rendimentos superiores à R$ 16.263,00", pondera o economista.
"Em qualquer das faixas acima mencionadas, o ideal é que de 5% a 10% da remuneração mensal, sejam destinadas para investimentos visando a complementação da aposentadoria".
Previdência privada
No segmento de previdência privada, há duas opções: o Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL) e o Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL). A principal diferença entre as duas opções é a tributação do Imposto de Renda (IR). O PGBL é mais vantajoso para quem faz a declaração completa do IR, uma vez que permite que seja abatida até 12% de sua renda.
Já o VGBL, que não conta com esse abatimento do Fisco, é utilizado por quem faz a declaração simplificada ou quem não tem a necessidade de entregar a declaração. Neste caso, o tributo incide apenas sobre o rendimento das parcelas resgatadas.