A alta dos juros e dos insumos para o setor da construção civil pressionam o custo dos imóveis no Brasil. Para se ter ideia, no acumulado dos últimos 12 meses até julho, o valor de venda das moradias subiu 5,79% no País, segundo o Índice FipeZAP+, indicador que monitora 50 cidades brasileiras.
No período, o aumento em Fortaleza foi de 5,21%. Mas o que esperar para os próximos meses? Economista e representante do setor projetam estabilidade dos preços, mas ponderam que isso dependerá de fatores econômicos internos e externos.
Entenda as razões do aumento
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias, explica que os insumos como aço e tubos para conexão registraram uma disparada dos valores para o setor.
Em Fortaleza, a tinta e o cimento, por exemplo, ficaram 20,45% e 16,09% mais caros nos últimos 12 meses até junho, respectivamente, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Consequentemente, as elevações são repassados ao consumidor final. “Somado a isso, houve a valorização anual dos imóveis. E temos um cenário de guerra [Rússia contra Ucrânia], de dólar e taxas de juros altos. Apesar disso, acreditamos que não irá aumentar mais, mas é uma incógnita e depende dessas questões”, pondera.
Outro fator que pode entrar no bojo são os efeitos das tensões eleitorais sobre a economia.
Tendência é de estabilidade do custo da compra e do aluguel; não há previsão de queda
O economista e Conselheiro Regional de Economia (Corecon), Wanderberg Almeida, explica que "valor deve se estabilizar, mas não devemos ter uma queda no preço desses bens".
"O mercado continua com o seu preço elevado, e isso é não só no Brasil, mas o Ceará acaba sentindo fortemente o reflexo da indústria da construção civil e da grande demanda do programa ‘Casa Verde Amarela’ e da baixa oferta para atendê-la que estamos observando no momento", avalia.
O juro alto dificulta o poder de compra das famílias, que já começam a adiar os planos de comprar da tão sonhada casa própria em razão do encarecimento do financiamento imobiliário. Além disso, enfrentam a queda da renda e a corrosão pela inflação.
Nesse contexto, a demanda de aluguel ficou aquecida, aumentando, também, os valores da locação. Para o economista Wanderberg Almeida, esse setor deve ter uma estabilidade até o fim do ano, mas sem reduções.
No Brasil, o custo do aluguel e das taxas acumulam alta de 8,79% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA. Em Fortaleza, contudo, a percentual foi superior: 9,36%.