BC eleva Selic para 13,75% e alerta para risco de inflação alta se Auxílio Brasil seguir em R$ 600

Aumento de 13,25% para 13,75% na taxa de juros foi anunciado pelo Copom

Escrito por Diário do Nordeste/Estadão Conteúdo ,
Fachada do Banco Central do Brasil.
Legenda: O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 13,75% ao ano.
Foto: Shutterstock

Enquanto os principais candidatos à Presidência da República prometem tornar permanente o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 para além de dezembro, o Banco Central alertou nesta quarta-feira (3) que a extensão dessa medida aumenta ainda mais o risco de alta da inflação no próximo ano.

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 13,75% ao ano. De acordo com o G1, esse é o 12º aumento consecutivo na taxa de juros. Com isso, a Selic chegou ao maior patamar visto em quase seis anos, desde novembro de 2016, quando estava em 14% ao ano.

"O Comitê pondera que a possibilidade de que medidas fiscais de estímulo à demanda se tornem permanentes acentua os riscos de alta para o cenário inflacionário", ressaltou o comunicado do Copom desta quarta.

Tanto o presidente Jair Bolsonaro (PL), quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidatos à Presidência, prometem manter o pagamento maior do benefício em 2023, ainda que não haja espaço orçamentário.

Por outro lado, o BC ponderou que o aumento do risco de desaceleração da economia global também acentua os riscos de baixa na inflação para o próximo ano. "O Comitê avalia que a conjuntura ainda particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos", completou o documento.

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Cenário de riscos

O cenário de riscos do Copom continua com fatores de risco nas duas direções. Do lado de uma inflação maior que a projetada, está a maior persistência das pressões inflacionárias globais e justamente a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do País e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada.

Já do lado de uma possível inflação mais baixa que a estimada, está uma possível reversão — ainda que parcial — do aumento nos preços das commodities e a já citada desaceleração da atividade econômica mais acentuada do que a projetada.

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O Copom argumentou ainda que as projeções de inflação para 2022 e 2023 estavam contaminadas pelos impactos das alterações tributárias sobre combustíveis e energia elétrica aprovadas no mês passado.

Por isso, o BC optou por dar mais ênfase à inflação acumulada em 12 meses no primeiro trimestre de 2024. Segundo o colegiado, esse marco temporal "reflete o horizonte relevante, suaviza os efeitos diretos decorrentes das mudanças tributárias, mas incorpora seus impactos secundários sobre as projeções de inflação relevantes para a decisão de política monetária".

Selic deve se manter até maio de 2023

De acordo com analistas do mercado financeiro ouvidos pelo G1, a Selic deve permanecer no patamar atual de 13,75% até maio de 2023, pelo menos, quando deve começar a cair, caso se mantenham as previsões.

Como é definida a Selic?

O Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Isso significa que, quando a inflação está alta, o banco eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão alinhadas às metas, a Selic é reduzida.

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