Preço do café da manhã dobra em três anos; veja o que ficou mais caro

Valor do café em pó nos supermercados da Capital subiu cerca de 108,5%

Uma das refeições mais importantes do brasileiro, o café da manhã tem ficado cada vez mais difícil de caber no orçamento das famílias. Assim como a maioria dos produtos e serviços, os itens consumidos nas primeiras horas do dia vêm registrando fortes aumentos de preço. O café, por exemplo, mais que dobrou de valor entre 2019 e 2022.

Com base em levantamento mensal realizado pelo Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza) nos supermercados da Capital, a reportagem do Diário do Nordeste selecionou os produtos que costumam estar na mesa durante o café da manhã.

Na comparação entre junho de 2022 e junho de 2019, o preço médio do pacote de café em pó de 250 gramas passou de R$ 4,34 para R$ 9,04, uma elevação de 108,5%.

Além do próprio café, chamam atenção pelo forte aumento o açúcar (87,47%), a margarina (67,91%), o leite em pó (66,06%) e o pão francês (64,34%). O produto com o menor aumento de preço no período foi o quilo do queijo coalho, que passou de R$ 28,19 para R$ 36,50, uma diferença de 29,48%.

Confira a lista dos produtos:

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Motivos da alta

Café

O analista de mercado da Ceasa, Odálio Girão, explica que desde as geadas no Sul e Sudeste do País, em meados de julho do ano passado, a produção de café vem sofrendo. Devido ao evento climático atípico, houve uma quebra na safra do grão, resultando em menores colheitas, especialmente em Minas Gerais, o principal produtor nacional.

Além de um menor volume disponível, os produtores ampliaram as exportações, diante da maior demanda externa e cotação convidativa do dólar.

A combinação dos dois fatores fez o quilo do café atingir um dos maiores picos já registrados, a cerca de R$ 30, segundo Girão.

"Esse café vai se manter nesse patamar, não tem como cair e vai se manter estável ou até com alguns acréscimos devido ao custo operacional com energia, logística, transporte. O consumidor vai ter que continuar arcando com esses altos preços", prevê o analista.

Açúcar

A atratividade do mercado externo também é um dos motivos para a alta do açúcar. Isso porque os produtores, vendo mais vantagens em outros produtos como as commodities, trocaram a área plantada da cana-de-açúcar.

Além disso, a destinação da própria cana sofreu modificações. Com a disparada da gasolina e os condutores procurando mais o etanol, ficou mais vantajoso encaminhar a produção para fabricação de etanol que de açúcar.

Conforme Girão, a possível redução dos preços vai depender que ocorra uma 'super safra' em meados de novembro.

Pão francês

O valor do pão francês tem sofrido com as variações do preço do trigo no mercado internacional, já que o insumo é praticamente todo importado no Brasil da Argentina, Estados Unidos, Rússia e Ucrânia.

O conflito entre os dois últimos comprometeu o abastecimento e abalou todo o mercado mundial, uma vez que os países tiveram que procurar alternativas para a compra do cereal.

"Uma bolha internacional de preços altos foi criada e, como todo mundo foi buscar outros mercados alternativos à Rússia e Ucrânia, os preços estão vindo muito elevados. A indústria daqui está sofrendo muito, afetando todos os derivados", esclarece Girão.

Leite e ovos

Destaque pela disparada do preço nas últimas semanas, o leite e derivados estão ficando mais caros diante do aumento dos custos para o produtor, segundo o analista da Ceasa.

Ele pontua que as maiores regiões produtoras do Estado e do País estão tendo que lidar com fortes altas no preço da soja, milho e demais componentes da alimentação animal, ainda reflexo da instabilidade internacional.

A elevação acaba atingindo os derivados do leite, como manteiga, iogurte, queijo, requeijão, etc.

O mesmo ocorre para os ovos, já que as aves também são alimentadas com soja, milho e rações similares.