Motivos da alta
Café
O analista de mercado da Ceasa, Odálio Girão, explica que desde as geadas no Sul e Sudeste do País, em meados de julho do ano passado, a produção de café vem sofrendo. Devido ao evento climático atípico, houve uma quebra na safra do grão, resultando em menores colheitas, especialmente em Minas Gerais, o principal produtor nacional.
Além de um menor volume disponível, os produtores ampliaram as exportações, diante da maior demanda externa e cotação convidativa do dólar.
A combinação dos dois fatores fez o quilo do café atingir um dos maiores picos já registrados, a cerca de R$ 30, segundo Girão.
"Esse café vai se manter nesse patamar, não tem como cair e vai se manter estável ou até com alguns acréscimos devido ao custo operacional com energia, logística, transporte. O consumidor vai ter que continuar arcando com esses altos preços", prevê o analista.
Açúcar
A atratividade do mercado externo também é um dos motivos para a alta do açúcar. Isso porque os produtores, vendo mais vantagens em outros produtos como as commodities, trocaram a área plantada da cana-de-açúcar.
Além disso, a destinação da própria cana sofreu modificações. Com a disparada da gasolina e os condutores procurando mais o etanol, ficou mais vantajoso encaminhar a produção para fabricação de etanol que de açúcar.
Conforme Girão, a possível redução dos preços vai depender que ocorra uma 'super safra' em meados de novembro.
Pão francês
O valor do pão francês tem sofrido com as variações do preço do trigo no mercado internacional, já que o insumo é praticamente todo importado no Brasil da Argentina, Estados Unidos, Rússia e Ucrânia.
O conflito entre os dois últimos comprometeu o abastecimento e abalou todo o mercado mundial, uma vez que os países tiveram que procurar alternativas para a compra do cereal.
"Uma bolha internacional de preços altos foi criada e, como todo mundo foi buscar outros mercados alternativos à Rússia e Ucrânia, os preços estão vindo muito elevados. A indústria daqui está sofrendo muito, afetando todos os derivados", esclarece Girão.
Leite e ovos
Destaque pela disparada do preço nas últimas semanas, o leite e derivados estão ficando mais caros diante do aumento dos custos para o produtor, segundo o analista da Ceasa.
Ele pontua que as maiores regiões produtoras do Estado e do País estão tendo que lidar com fortes altas no preço da soja, milho e demais componentes da alimentação animal, ainda reflexo da instabilidade internacional.
A elevação acaba atingindo os derivados do leite, como manteiga, iogurte, queijo, requeijão, etc.
O mesmo ocorre para os ovos, já que as aves também são alimentadas com soja, milho e rações similares.