'Nenhuma presta', diz presidente da Fiec sobre reformas tributárias

Durante encontro com empresários do setor de alimentos e ração, Ricardo Cavalcante criticou os quatro modelos de atualização do sistema de impostos brasileiros que tramitam no Congresso Nacional

Nenhuma das propostas de reforma tributária que estão sendo discutidas no Congresso Nacional é positiva para a Indústria Cearense. A perspectiva é do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), que criticou, entre outras coisas, o modelo de alíquota única sugerida no projeto elaborado pelo economista Bernard Appy. O texto tramita na Câmara dos Deputados. "Nós temos quatro propostas sendo discutidas no Congresso e nenhuma delas presta para a gente, tenham certeza disso", disse o presidente da Fiec a um grupo de empresários do setor de alimentos e rações durante reunião na Federação.

Uma das principais críticas de Cavalcante é a aplicação de um alíquota unitária para todos os setores da economia brasileira. Segundo o modelo elaborado por Appy, por exemplo, a cobrança será feita com uma taxa de 25%.

A proposta que tramita na Câmara condensa, em um só imposto, chamado de Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), cinco outros. O novo tributo seguirá o modelo do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). A unificação deverá somar os impostos federais Programa de Integração Social (PIS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Confins) ao estaduais Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e ao municipal Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).

"Quem presta serviço está pagando 4%, mas o texto que está lá (no Congresso) prevê o pagamento de 25%. Eu não sei como você aumenta um tributo em cinco vezes e alguém vai aguentar. Nós da indústria estamos pagando entre 20% e 23%, mas também passaríamos para 25%, então precisamos discutir", ponderou o presidente da Fiec.

Momento

Cavalcante também comentou sobre os riscos de se aplicar no momento que a economia nacional ainda está se recuperando da crise. "Como que as pessoas vão sair de uma taxação de 8%, 10% para 25%? E a gente sabe que imposto sempre é repassado para os clientes. Com 12 milhões de desempregados e um País ainda retomando a economia, como é que a gente vai jogar mais uma taxação? Realmente, eu não acredito que isso é coerente", disse.

Os próximos passos da Fiec deverão passar por vários encontros. Em frentes diferentes, a Federação deverá dar continuidade a um grupo de trabalho em conjunto com as entidades do Sistema S para entender as demandas da Indústria e como a reforma irá afetar o mercado local, além de buscar contato com os deputados e senadores cearenses para discutir os modelos de reforma tributária que tramitam no congresso.

"Tivemos um encontro com sete deputados federais e devemos ter outros no futuro. E vamos continuar esses encontros para entender o que vem. A reforma precisa ser feita, mas precisamos ver se ela não irá contra o comércio, o serviço e outros setores", disse.