No primeiro dia em que a exigência do passaporte da vacina é obrigatório no Ceará, a reportagem do Diário do Nordeste flagrou alguns estabelecimentos em que a medida ainda não é cumprida. A necessidade de comprovação do esquema vacinal completo para entrar em bares, restaurantes, estádios e eventos sociais entrou em vigor na última segunda-feira (15) de forma educativa e, a partir desta segunda (22), pode gerar punições para quem não cumprir.
Na Capital, a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), com apoio da Guarda Municipal, é responsável por inspecionar os estabelecimentos. Segundo o órgão, caso a exigência do documento não seja observada, os empreendimentos podem ser autuados e interditados por até sete dias.
A apresentação de comprovação de esquema vacinal completo dispensa o distanciamento social e as restrições de horário de funcionamento. Contudo, o uso obrigatório de máscaras faciais de proteção e a higienização das mãos seguem mantidos.
Pessoas menores de 12 anos ou que não puderam se imunizar por motivos médicos ficam isentas de apresentar o passaporte. O motivo, contudo, deve ser comprovado.
Desconhecimento
A reportagem do Diário do Nordeste foi a alguns restaurantes da Capital para conferir a exigência do passaporte. Em um dos locais visitados, no bairro Varjota, clientes não sabiam da necessidade de apresentação do comprovante.
"A gente chegou ontem e não teve conhecimento, e o moço do Uber também não disse", relatou a turista Solange Wasen, cliente do estabelecimento. Ela estava com um grupo de pessoas, o qual conseguiu entrar no empreendimento, mas ficou na parte externa.
Segundo a turista de Santa Catarina, ela trouxe consigo o comprovante vacinal por estar em viagem interestadual, ms deixou o documento no hotel.
Enquanto a equipe de reportagem do Diário do Nordeste estava no restaurante, pelo menos outras três pessoas entraram no local sem apresentar o passaporte de vacinação.
'Adaptação'
Já em outro restaurante, no bairro Aldeota, o documento nem ao menos foi cobrado — clientes entravam no restaurante livremente.
Segundo uma funcionária, o comprovante ainda não estava sendo cobrado hoje devido a uma "fase de adaptação". Ela, porém, assegurou que um adesivo será afixado à porta para que o controle de entrada comece "em breve".
Constrangimentos
Um restaurante do bairro Dionísio Torres optou por seguir o decreto a partir desta terça-feira (23) — por diversas pessoas desconhecerem a exigência, funcionários estão fazendo orientações no local.
Apesar disso, conforme o proprietário da unidade, João Luiz Teles Gontijo, o procedimento é "constrangedor" e dificulta o trabalho dos funcionários.
"A gente passa constrangimento com os clientes, pois alguns não podem entrar por causa disso, e, sinceramente, está sendo bem prejudicial para a saúde financeira do estabelecimento", ressalta, pontuando a redução do movimento em razão da pandemia.
"A gente fica no meio da encruzilhada. A gente agrada quem concorda e desagrada quem não concorda [...] Eu vou proibir um cliente de entrar? Eu não tenho esse poder total".
Segundo ele, a segurança de restaurantes pode ser providenciada com a higienização e o distanciamento das mesas, já adotados no local. "Eu vejo como uma forma de preconceito, até, contra quem não se vacinou", avalia. "A gente tá cumprindo porque é uma obrigação, mas, por opinião própria, eu não cumpriria".
Segurança
Outro estabelecimento, no bairro Aldeota, já tem barrado pessoas que não comprovam a imunização completa. Na opinião do empresário Eduardo Rabelo, cliente do estabelecimento, a medida reforça a importância da adesão ao processo de vacinação.
"Talvez seja a única medida que o povo possa se conscientizar de vez que a vacina salva, e a gente tem de se vacinar o mais rápido possível", conclui.
Como denunciar
A população pode contribuir denunciando estabelecimentos que desrespeitam a medida pelo site da Agefis, pelo telefone 156 e pelo aplicativo Fiscalize Fortaleza, disponível para Android e iOS.