Cooperativa retoma as atividades após 20 anos

Expoente econômico nos anos 80, Cooperai volta a comercializar produção local e planeja usar microgeração

Outrora locomotiva econômica da região do Vale do Curu, no litoral oeste do Estado, a Cooperativa Agropecuária do Trairi (Cooperai) começa a retomar os trilhos do desenvolvimento na região. Fundada em 1973, a instituição elevou o município e cidades vizinhas ao patamar de maiores produtores de amendoim, coco e de farinha de mandioca do Estado nos anos 80, quando a cidade viveu também um notório ciclo de crescimento.

Nas décadas seguintes, entretanto, a cooperativa enfrentou dificuldades após os planos econômicos e mudança da moeda nacional, amargando dívidas com bancos públicos - foram quase 20 anos em que a comercialização de produtos ficou parada. A situação começou a mudar somente no ano passado, quando o governo federal autorizou a renegociação de dívidas de produtores da região Nordeste e a Cooperai, enfim, liquidou todos os seus débitos.

"Estamos retomando as atividades comerciais neste ano e já atendemos à chamada pública para fornecer alimentos ao programa da merenda escolar do município", comemora o atual presidente da entidade, Marcelo Barbosa. Para isso, a cooperativa reativou os núcleos integrados de produção da mandioca, farinha e derivados, da cana-de-açúcar, do coco, de frutas tropicais e de pequenos animais (caprinos e ovinos).

Desenvolvimento

Hoje com 55 associados ativos, a expectativa de Barbosa é que a entidade volte a crescer como em seus tempos áureos, quando chegou a ter 1.630 sócios. "O cooperativismo é a solução para os produtores. A cooperativa consegue comprar produtos mais baratos para os associados porque adquire em grande quantidade e direto da indústria, sem atravessadores, além de ser também um bom canal de vendas e contar com assistência técnica de órgãos públicos para a capacitação", explica o presidente Marcelo Barbosa.

Energia solar

A Cooperai já tem até um novo projeto para utilizar a microgeração de energia solar, o que deve começar a ser implementado em fevereiro do próximo ano para servir à produção de, inicialmente, 15 associados. "A surpresa foi que conversamos com a diocese de Itapipoca para instalarmos placas no telhado da matriz que está sendo reformada e eles se interessaram em expandir esse projeto para todas as igrejas de Trairi e, quem sabe, de até dos 18 municípios que ela abrange", conta.

O projeto inicial, para atender aos associados da cooperativa, já está pronto e deve ser apresentado em breve ao Banco do Nordeste (BNB) e ao Banco Nacional de Desenvolvimentos Econômico e Social (BNDES), segundo Barbosa. A ideia é também alugar as células para o comércio local, movimentando a economia da região dentro da ideia da sustentabilidade ambiental, com energia limpa e renovável.