Como se recolocar após uma demissão coletiva? Veja dicas

Várias empresas de tecnologia como Google e Microsoft realizaram demissões coletivas neste início de ano, uma tendência que pode assustar trabalhadores da área

Nas últimas semanas, grandes empresas como Google e Microsoft anunciaram demissões coletivas, finalizando 12 e 10 mil contratos de trabalho, respectivamente. A tendência é global e também já afetou neste ano empresas nacionais, como PagSeguro, Enjoei e Meliuz. 

De acordo com o site Layoffs.fyi, que acompanha desligamentos em massa de empresas do mundo todo, 210 empresas de tecnologia já realizaram demissões coletivas em 2023, desempregando 67.268 funcionários. 

Ser demitido normalmente já é uma experiência ruim, mas, em demissões coletivas, o desligamento pode parecer ainda mais inesperado. Antes de pensar em uma recolocação, é importante refletir sobre o atual momento do mercado de trabalho e da área de atuação. Uma boa reserva de emergência ajuda a conseguir passar esse momento sem pressa e com mais clareza.  

Como sempre, o networking é uma boa ferramenta para voltar ao trabalho. No caso de lay offs, essa rede de contatos pode ser ainda mais importante, sendo comum a divulgação de listas em redes sociais profissionais com funcionários recém desligados. 

Momento de reflexão 

A psicóloga e fundadora da People Academy, Jessica Martins, considera que o primeiro passo que deve ser tomado após o funcionário descobrir que entrou em uma demissão em massa é fazer uma revisão financeira. Assim, ele poderá definir um bom tempo para conseguir a recolocação, evitando, com a pressa, adentrar em empresas que não tenham uma cultura alinhada. 

Ela aponta que também é necessário que haja um momento para refletir, já que muitas empresas não são claras do porquê do desligamento. Vale pensar até se vale a pena mudar de área de trabalho, passar a empreender ou atuar como freelancer 

Se minha empresa está demitindo pessoas da minha área com motivo de eficiência, será que não é motivo de refletir sobre a carreira e ver como posso otimizar meu trabalho, se eu posso mudar para outro lugar. É um momento para entender como está o trabalho na sua área”
Jéssica Martins
CEO e fundadora da People Academy

Ela também reforça que vale pensar no papel em que o colaborador teve dentro da empresa que saiu, reforçando suas qualidades e feitos nos currículos e mesmo reconhecendo se há uma parcela de responsabilidade na demissão. 

“Toda demissão tem uma responsabilidade nossa também de alguma maneira, não consigo ver um cenário onde nós também não somos responsáveis. Existe uma série de critérios. O que as pessoas precisam fazer é refletir o que ela aprendeu, o que podia ter feito de diferente, e o que ela poderia levar de aprendizado para uma próxima empresa”, diz. 

Na volta para o mercado de trabalho, o especialista em recolocação profissional do My Career by LHH, Daniel Stolses, destaca que é mais fácil contar para recrutadores sobre a demissão no caso de lay offs que em casos de justa causa, por exemplo. 

“Não foi por questão ética, falta de produtividade ou falta de entrega, mas sim uma decisão da empresa. Isso facilita quando você vai contar sua história e o próximo contratante entende perfeitamente que não é falta de capacidade, mas sim uma decisão de mercado”, afirma. 

Rede de contatos 

Daniel indica que é fundamental nessa busca por emprego ter um perfil no LinkedIn atualizado e detalhado com as tarefas que foram realizadas nas empresas anteriores. Também é interessante ter clareza sobre exatamente que tipo de vaga e empresa se está buscando para esse próximo passo. 

O networking é uma forma importante de conseguir oportunidades, seja falando com amigos e colegas de trabalho já conhecidos ou mesmo formando conexões com pessoas que atuam em cargos ou empresas que você tem interesse de trabalhar. 

“Muitas vezes a sua recolocação não está na sua primeira linha de relacionamento, está no relacionamento do seu relacionamento”, observa. 

Jéssica Martins ressalta que nesse momento em que várias empresas estão realizando lay offs, há uma sensibilidade do mercado de trabalho em acolher esses trabalhadores recém desempregados. É preciso, contudo, se fazer visível. 

“O mercado está sensibilizado e tentando recolocar essas pessoas porque percebe que é uma questão de empresas e não de pessoas. Existe um movimento de listas, tem pessoas no grupo buscando. Existe uma sensibilização que faz com que essas empresas sejam vistas mais rapidamente”, diz. 

Outra dica importante é conhecer os diversos nomes que um cargo pode ter na hora de buscar emprego em redes sociais e sites de vagas, para evitar perder alguma oportunidade.