O Ceará registrou em janeiro deste ano aumento de 17% nas vendas de carros novos, na comparação com igual período de 2023. O dado é do presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave-CE), Lewton Monteiro.
No Brasil, o crescimento foi de 13,17% no mês passado. De acordo com a Fenabrave, a expectativa é que o volume de vendas de veículos novos feche o ano com 12% de alta em relação ao ano passado.
Com as vendas em alta no Brasil e no Ceará, comprar carros novos pode ficar mais fácil para brasileiros, inclusive para os cearenses, em 2024.
Lewton Monteiro explica que, entre os motivos para a alta nas vendas, está uma maior concessão de crédito pelos bancos, facilitando o financiamento de automóveis. “O endividamento das famílias tem se mantido em queda, ou seja, os bancos têm mais confiança que as pessoas têm capacidade de pagamento. Por isso, ficam com mais apetite de crédito”, aponta.
O presidente ressalta que o aumento nas vendas foi observado em praticamente todos os segmentos de automotores, entre motos, carros e veículos de passageiros. As únicas exceções são ônibus e caminhões, que têm vendas sazonais, segundo Lewton.
A expectativa é que, com o aumento nas vendas, as montadoras tenham um volume maior de produção, o que acaba reduzindo os custos e, consequentemente, o preço final. A Fenabrave não divulga oficialmente projeções para os preços dos automotores, mas Lewton aponta que podem ser esperadas grandes promoções.
Produção de carros
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta uma alta de 6,2% na produção de veículos leves, em relação a 2023 - deve passar de 2,2 milhões para 2,31 milhões de unidades. O aumento deve ser ainda maior para veículos pesados, de 32,1% (121 mil para 160 mil unidades).
Ricardo Coimbra, professor de Economia da Universidade de Fortaleza (Unifor), relaciona o aumento das vendas com um cenário de estabilidade econômica no Brasil. “Há uma melhoria em relação à potencialidade de manutenção do emprego, elevação média de renda”, comenta.
O especialista aponta que o programa de renegociação de dívidas Desenrola, que busca diminuir os índices de inadimplência, também influencia na maior acessibilidade ao crédito.
Queda da Selic
Um dos fatores fundamentais para o financiamento se tornar mais atrativo é a queda da taxa Selic, que foi reduzida pela quinta vez consecutiva na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de 2024.
Como é referência para os juros do país, a Selic reduzida torna as taxas para financiamento mais acessíveis aos consumidores, segundo o professor de Economia e Finanças da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcel Moraes.
“Um ano atrás, a Selic era 2,5 pontos percentuais maior, era de 13,75%. A taxa representa uma espécie de amostra do cenário de risco no país. A medida que o cenário é ruim, é de recessão, de instabilidade econômica e política, a tendência é que a taxa Selic seja sempre maior”, explica.
A Selic menor também reduz os custos de produção para as montadoras, já que a captação de recursos no mercado também considera as taxas de juros. Com uma projeção positiva para este ano, o setor está próximo de recuperar os danos da pandemia, segundo Marcel Moraes.
“Não atingimos ainda patamares, em termos de variáveis macroeconômicas, iguais ao cenário pré-pandêmico. Mas com o passar do tempo, naturalmente o cenário econômico vai convergindo ao que era observado antes. A pandemia teve baixo acesso a crédito e insumos escassos. Esse ambiente atual, por si só, já é mais favorável”, aponta Marcel Moraes.
O número de automóveis e comerciais leves emplacados em 2023 foi 19,8% inferior ao patamar de 2019. Foram 2,17 milhões de emplacamentos, contra os 2,65 milhões registrados no ano pré-pandemia. Caso a expectativa de crescimento para 2024 se concretize, devem ser vendidos 2.440.878 automóveis e comerciais leves ao longo do ano.