O Porto do Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza, deve dobrar a movimentação anual de cargas a partir da chegada da Transnordestina. Segundo o presidente do Complexo Industrial e Portuário (Cipp), Hugo Figueirêdo, a conclusão da ferrovia até o porto é encarada com otimismo.
A expectativa é que a Transnordestina, com forte vocação para o transporte de grãos e calçados oriundos do Centro-Sul e do Sertão Central cearenses e do interior do Piauí e de Pernambuco, seja responsável por um salto de 100% no volume das cargas movimentadas no complexo em 2030.
Quando vier a Transnordestina, que praticamente deve dobrar as cargas, vai ter um salto em pouco tempo. A gente vai crescer quando tiver as cargas de grãos para Transnordestina. Quando chegar 2030, devemos dobrar o volume de cargas que temos hoje: de 17, 18 milhões de toneladas anuais para 35, 36 milhões de toneladas por ano. O que a gente está vendo agora é um salto grande, mas com a Transnordestina, vai crescer ainda mais".
O assunto foi tratado nesta quarta-feira (31) durante a apresentação de movimentação de cargas do 1º semestre de 2024 no Porto do Pecém, que cresceu 11,3% em comparação com o ano passado.
Entre janeiro e julho deste ano, foram cerca de 9 milhões de toneladas (t) de cargas movimentadas no porto. O presidente do Cipp destaca que, atualmente, o número total que passa pelo Pecém, entre desembarques e embarques, chega a aproximadamente 18 milhões de toneladas.
A única ferrovia que chega até ao Porto do Pecém é atualmente a que interliga Fortaleza, a partir do Porto do Mucuripe, até São Luís, no Porto de Itaqui. A atual administradora da linha férrea é a Ferrovia Transnordestina Logística S.A (FTL), subordinada à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), situação parecida com a Transnordestina Logística S.A. (TLSA), empresa responsável pela construção da Transnordestina no Ceará.
Como estão as obras da Transnordestina em território cearense?
A partir de 2025, o Pecém já deve começar a receber cargas da Transnordestina. Segundo Figueirêdo, a ferrovia já deve começar operar no próximo ano nos trechos em que já está concluída.
Em 2025, o presidente do Cipp afirma que está em tratativas com a Transnordestina para que, a partir de determinada cidade do interior cearense a ser escolhida posteriormente, será feita a transferência das cargas da ferrovia para caminhões. Após isso, os materiais serão transportados até o Pecém.
Hugo Figueirêdo afirmou que o porto, na configuração atual, "já consegue atender os caminhões" que chegarão carregados da Transnordestina. Com a conclusão da ferrovia e o alto volume de cargas, o Pecém deve passar por reformas de ampliação.
Dos 1.206 quilômetros (km) planejados para a linha férrea, aproximadamente 700 km já estão concluídos. A ferrovia já está pronta no trecho entre São Miguel do Fidalgo (PI) e Acopiara (CE), e atualmente avança da cidade cearense até Quixeramobim, no Sertão Central do Estado.
Em entrevista exclusiva em julho para o Diário do Nordeste, o presidente da TLSA, Tufi Daher Filho, reafirmou o compromisso de colocar a ferrovia operando com o transporte de grãos para o setor agropecuário já em 2025.
Na próxima sexta-feira (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sanciona, em visita ao próprio Cipp, o projeto de lei que libera R$ 3,6 bilhões em recursos para a conclusão da Transnordestina.
O montante será disponibilizado de forma parcelada, e será crucial, conforme Tufi Daher Filho, para garantir o cronograma de conclusão da ferrovia, hoje estabelecido para o primeiro semestre de 2027.
A conclusão atual da Transnordestina é vislumbrada na chamada "fase 1", a maior da linha férrea, que interliga São Miguel do Fidalgo ao Porto do Pecém. Quando a fase 2, de cerca de 150 km, também estiver pronta (o que só deve acontecer em 2029), a ligação será entre o complexo cearense e a cidade de Eliseu Martins (PI).