Após dois anos de pandemia, o mercado de trabalho tem perspectivas positivas para 2023. A expectativa é que haja uma redução no desemprego, mas os profissionais mais demandados são cada vez mais especializados.
De acordo com estudo realizado pela consultoria Robert Half, áreas como tecnologia, engenharia, finanças e seguros estão em alta para o ano que vem. Os salários dos profissionais mais buscados chegam a até R$ 50 mil no levantamento.
O estudo, com abrangência nacional, aponta que 94% dos empresários estão mais otimistas agora comparando a 12 meses atrás e 47% deles pretendem abrir novas vagas para o ano que vem.
Cenário estável, mas dinâmico
Para o sênior client partner da consultoria Korn Ferry, Antonio Mendonça, o mercado de trabalho deve ter um cenário mais estável em termos de desemprego em 2023. Apesar disso, as empresas continuarão em um momento de inovação.
Ele considera que a reinvenção de modelos que ocorreu de maneira forçada em 2020 e 2021 devido à pandemia deve continuar, mas de forma intencional.
2022 foi um ano em que essa transformação, que é contínua, se torna mais intencional, as empresas vão ter que trabalhar mais nas suas teses de valor, e refletir isso no meio operacional, na proposição de valor aos funcionários. Mas não acho que isso para agora com o fim da pandemia, porque os novos modelos, a possibilidade do híbrido, isso não para”
Segundo ele, as áreas de tecnologia, engenharia e logística devem continuar tendo alta demanda, mesmo que com uma correção após o boom da pandemia. A consultora sênior de desenvolvimento organizacional da consultoria LHH, Mariângela Schoenacker, acrescenta que novos temas entram no radar da área de tecnologia.
“Os profissionais de tecnologia estão sempre em alta. Um outro tema que também está em alta é a cyber segurança, com implementação da LGPD. Toda a parte de consultor, de gestão de dados. Continua se falando muito de experiência do cliente, que é um tema bastante chave”, coloca.
Transição de carreira
Percebendo as tendências de mercado, profissionais têm se preparado para mudar de segmento de atuação. É o caso do profissional de educação física e estudante Matheus Silveira, de 29 anos.
Ele ainda trabalha na área de educação física, mas se matriculou em análise e desenvolvimento de sistemas em busca de uma melhor qualidade de vida. O estudante se prepara para entrar no mercado de trabalho de TI no ano que vem.
O foco de Matheus é se especializar em uma linguagem específica na área de programação, pretendendo assim conseguir emprego com mais facilidade. “Eu acredito que seja mais fácil eu encontrar um emprego que o requisito seja uma linguagem de programação, em vez de aprender várias coisas focar em só uma e ser melhor naquilo”, conta.
“Tecnologia está sempre melhorando e acredito que o mercado de TI não vai ficar saturado tão cedo”, espera.
Formado em engenharia civil e hoje atuando como analista de orçamentos, Emanuel Silva, de 24 anos, também mudou de carreira por imaginar um futuro melhor na área de tecnologia. Ele trocou um emprego CLT na sua área de formação profissional para migrar para TI.
Eu tomei essa atitude mesmo diminuindo porque eu prevejo uma qualidade de vida melhor, vou trabalhar em casa, só seis horas, e eu prevejo que o mercado de tecnologia tem um futuro muito bom. Acho que a partir de agora tudo vai ter a ver com tecnologia”
Insatisfeito com o mercado de construção civil, ele espera um horizonte mais amplo na área de tecnologia.
“Eu vejo um mercado melhor, acho o mercado de tecnologia melhor do que o da construção civil. Minha expectativa é que o mercado de TI continue crescendo, a tendência é que tudo seja mais automatizado”, coloca.
Modelo de trabalho
Mariângela aponta que no mercado de trabalho atual a competição não ocorre necessariamente entre empresas, mas entre modelos de trabalho. O home office ou regime híbrido se tornou um diferencial para manter ou não talentos na empresa.
“Cada vez mais o modelo de trabalho é chave para a retenção dos profissionais nas empresas. É fundamental que as pessoas não se preocupem só com atrair os profissionais, mas tem que reter os profissionais, dando mais autonomia e flexibilidade”, diz.
A consultora avalia que pontos como flexibilidade, adaptabilidade, resiliência e capacidade de comunicação são muito importantes nas carreiras, tanto para empresas como trabalhadores. A possibilidade de crescimento de carreira também é ponto central para retenção de talentos.
O que vai fazer os profissionais mudarem de trabalho não é só salário, mas sim o quanto eles estão tendo oportunidade de se desenvolver e ter flexibilidade na empresa. A flexibilidade é uma questão que continua forte no pós-pandemia, os trabalhadores querem escolher turno e de onde trabalham”
Outra questão importante apontada por Mariângela é a preocupação das empresas com a saúde mental dos funcionários, diante de um contexto que o burnout é uma doença de trabalho cada vez mais comum.
“O que precisa ser destacado é a tendência de flexibilização, de trabalho em qualquer lugar, de novas profissões. São coisas que vieram para ficar, não vão sumir no curto prazo. Hoje os profissionais estão se questionando mais sobre o balanço entre vida profissional e pessoal, o quanto a empresa está ajudando na saúde mental e oportunidade de se desenvolver”, resume.
Cargos e áreas em alta e salários
Finanças e contabilidade
- Planejamento Financeiro/Controladoria: salários de R$ 5.000 a R$ 35.000
- Modelagem Financeira: salários de R$ 5.300 a R$ 41.300
- Contábil/Fiscal (coordenador/gerente): salários de R$ 3.500 a R$ 20.500
- Controller: salários de R$ 16.800 a R$ 39.000
- Tesouraria/Financeiro: salários de R$ 3.500 a R$ 28.000
Recursos humanos
- Remuneração e Benefícios (analistas sênior/especialistas/coordenadores): salários de R$ 8.500 a R$ 33.850
- Desenvolvimento Humano e Organizacional (analistas sênior/especialistas/coordenadores): salários de R$ 7.400 a R$ 17.650
- Gerente de RH: salários de R$ 18.700 a R$ 30.400
- Gerente de DHO: salários de R$ 19.000 a R$ 30.400
- Diretor de RH: salários de R$ 29.800 a R$ 50.600
- Tech Recruiter: salários de R$ 6.500 a R$ 27.000
Jurídico
- Advogados especialistas em operações de M&A (pleno e sênior): salários de R$ 10.650 a R$ 24.150
- Advogados de Consultivo Tributário (pleno e sênior): salários de R$ 9.000 a R$ 25.350
- Advogados de Contencioso Cível (pleno e sênior): salários de R$ 7.150 a R$ 18.050
- Advogados generalistas (pleno a diretor): salários de R$ 5.750 a R$ 42.300
- Advogados especializados em contratos (pleno): salários de R$ 5.750 a R$ 10.850
- Advogados de compliance / LGPD: salários de R$ 5.350 a R$ 19.350
- Advogados de Banking e operações estruturadas: salários de R$ 5.300 a R$ 42.300
Tecnologia da Informação
- Gerentes Generalistas / Heads de TI: salários de R$ 20.400 a R$ 34.200
- Profissional de infraestrutura (analistas seniores, coordenadores a gerentes): salários de R$ 9.600 a R$ 28.350
- Profissional de segurança da informação (especialistas a gerentes): salários de R$ 11.450 a R$ 38.700
- DeVops / DevSecOps: salários de R$ 14.650 a R$ 24.500
- Product Owner: salários de R$ 10.100 a R$ 17.050
- Profissional de dados: salários de R$ 5.600 a R$ 36.100
- Arquiteto de soluções: salários de R$ 15.350 a R$ 25.800
- Tech Lead: salários de R$ 29.850 a R$ 50.000
- Desenvolvedor RPA: salários de R$ 6.200 a R$ 20.600
- Desenvolvedor Full Stack (pleno e sênior): salários de R$ 9.250 a R$ 20.600
- Desenvolver Back-End (pleno e sênior): salários de R$ 9.200 a R$ 20.600
- Desenvolvedor Front-End (sênior): salários de R$ 13.050 a R$ 21.900
Seguros
- Finanças (analistas/gerentes): salários de R$ 6.900 a R$ 16.150
- Atuarial (analistas/especialistas): salários de R$ 10.300 a R$ 15.300
- Data Analytics (analistas/especialistas): salários de R$ 8.200 a R$ 20.000
- Comercial (gerentes): salários de R$ 14.100 a R$ 21.150
Engenharia
- Gerente de Supply Chain: salários de R$ 20.900 a R$ 30.000
- Comprador: salários de R$ 5.050 a R$ 11.650
- Engenheiro de Aplicação/Vendas: salários de R$ 5.950 a R$ 13.850
- Gerente de projetos/PMO: salários de R$ 14.550 a R$ 30.500
- Gerente de vendas técnicas: salários de R$ 12.050 a R$ 30.500
- Coordenador de S&OP: salários de R$ 10.100 a R$ 17.500
- Engenheiro de EHS/ESG: salários de R$ 8.100 a R$ 18.050
Mercado Financeiro
- RM Private: salários de R$ 23.100 a R$ 39.600
- M&A (analistas / associados / VPs): salários de R$ 14.150 a R$ 31.300
- Crédito Corporate (analistas / especialistas): salários de R$ 11.900 a R$ 25.400
- Finanças (diretores / gerentes / VPs): salários de R$ 19.000 a R$ 40.200
- Profissionais de Compliance, Auditoria e Riscos (analistas / gerentes): salários de R$ 11.850 a R$ 30.950
- RM Corporate: salários de R$ 24.400 a R$ 37.350
- ESG (analistas / especialistas / gerentes): salários de R$ 6.000 a R$ 22.000
Vendas e Marketing
- Executivo de Contas: salários de R$ 6.200 a R$ 17.150
- Coordenador de Marketing Digital: salários de R$ 7.250 a R$ 16.550
- Gerente de e-commerce: salários de R$ 10.750 a R$ 27.300
- Gerente de Marketing Digital: salários de R$ 11.500 a R$ 27.300
- Analista de Marketing Digital: salários de R$ 5.050 a R$ 12.200
- CRM-CX: salários de R$ 3.800 a R$ 9.500
- Inside Sales: salários de R$ 4.250 a R$ 9.500
- Analista de Inteligência de Mercado: salários de R$ 6.050 a R$ 12.850