Com a conta de energia mais cara a cada mês - e perspectivas de aumento ainda maior com o acionamento da bandeira tarifária “escassez hídrica” - os cearenses têm apostado na instalação de painéis solares para economizar.
De acordo com dados do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado no Ceará (Sindienergia/CE), houve um crescimento de 60% no número de unidades instaladas no Ceará, considerando o comparativo do período entre janeiro e agosto de 2021 e os mesmos meses do ano passado.
Ao todo, já são 21.395 unidades receptoras e 16.759 unidades geradoras no Ceará. Os números são diferentes porque uma usina pode gerar energia para mais de um local ao mesmo tempo.
Maior consumo residencial
A maioria das usinas é voltada para abastecimento energético de residências: são 12.745 no total.
Os clientes comerciais ocupam o segundo lugar, com 2.663 unidades geradoras, seguidos das unidades rurais, 1.020, e das industriais, 241. O restante das usinas é de iluminação, poder e serviço públicos.
O CEO da empresa de placas fotovoltaicas Solarin, Diego Castro, conta que desde a pandemia, a loja percebeu um aumento da busca dos equipamentos para casas; antes, a demanda principal era para comércios.
Segundo o empresário, houve um crescimento de mais de 600% na procura pelos produtos do mês de fevereiro para cá, tanto partindo de Fortaleza como da Região Metropolitana e interior. A loja hoje vende uma média de 55 projetos por mês e a expectativa é dobrar esse número até o final do ano.
“Eles [clientes] reclamam muito do aumento na conta de energia, todo mês sobe. Com esse aumento teve uma procura muito grande para reduzir o custo. Com a pandemia, houve um crescimento muito grande das residências, antes a gente vendia muito para comércio”, diz.
Quanto custa e quando vale a pena?
De acordo com o diretor de geração distribuída do Sindienergia, Hanter Pessoa, a instalação de um sistema de energia solar para uma residência que consuma uma média de 500 kWh por mês varia entre R$ 19 mil e R$ 20 mil.
Ele considera que a aquisição das placas fotovoltaicas não é vantajosa para consumidores com baixo consumo, já que hoje é necessário o pagamento de uma taxa mínima.
Hanter indica a instalação para quem tem consumo superior a 200 kWh por mês. A aquisição do sistema pode ser feita, inclusive, por meio de empréstimo ou financiamento.
“Hoje consegue fazer muito financiamento no banco para poder pagar a usina, o dinheiro que ele [consumidor] pagaria para Enel ele paga para o banco”, recomenda.
Ele esclarece que a compra de um gerador não isenta completamente o pagamento da conta de energia, já que existe uma taxa embutida para iluminação pública que ainda deve ser paga.
Em períodos de menos sol, em que a produção de energia das placas for menor, o complemento do abastecimento energético virá da companhia de energia e essa diferença será paga pelo consumidor caso ele não tenha crédito proveniente de meses com produção energética maior.
Como instalar?
Hanter aconselha que o consumidor busque uma empresa de energia solar vinculada a entidades como o Sindienergia. Ele ressalta que a escolha deve ser feita considerando o histórico da empresa e tendo em vista o longo prazo.
“Você tá fazendo um investimento para de 20 a 25 anos, a energia solar você compra a usina de uma empresa e é o início de um relacionamento de longo prazo”, coloca.
Escolhida a empresa, será feito um dimensionamento da residência e uma proposta de projeto. Caso o cliente aceito, todo o processo, incluindo a instalação das placas e os trâmites com a Enel, são resolvidos pelos especialistas contratados.
Perspectiva de crescimento
Para o presidente do Sindienergia, Luis Carlos Queiroz, as expectativas de crescimento do segmento em 2022 são bastante otimistas. Ele cita um projeto de lei aprovado pela Câmara em agosto que garante subsídio de energia solar até 2045, afirmando que a medida é uma boa notícia para o aumento da geração distribuída.
Ele acrescenta que o sindicato tem trabalhado junto ao deputado federal Danilo Forte para traçar medidas que possam incentivar o setor.
“Existem muitas formas de a gente conseguir dar um apoio, reduzir e ofertar mais energia para o setor para poder a gente superar essa crise hídrica”, destaca.
Hanter Pessoa incentiva o incentivo à energia solar como uma forma de contornar a situação atual da crise energética.
“A geração distribuída tem um importante papel porque eu não preciso esperar pela construção de canais de transmissão. É um excelente remédio para a crise energética. Eu dou uma desafogada no setor elétrico. É a solução? Não. É uma das soluções”, afirma.