A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) recomendou, nesta quinta-feira (15), o retorno gradual de cirurgias eletivas a partir deste mês de julho em instituições públicas e privadas. Os procedimentos foram suspensos há cinco meses em razão do agravamento da crise sanitária provocada pela pandemia de Covid-19.
O cronograma para as intervenções ainda está em fase de definição, mas a previsão é de que possam ocorrer nesta segunda quinzena de julho.
Para a Sesa, a redução de casos, internações e óbitos por complicações do novo coronavírus já permite a retomada da agenda cirúrgica, a começar pelos pacientes que precisaram cancelar ou remarcar cirurgias e os em situação mais grave.
Retomada das cirurgias eletivas contempla:
- Hospitais;
- Clínicas;
- Ambulatórios;
- Laboratórios
- Unidades de saúde
O plano para o retorno escalonado dos procedimentos foi pactuado entre o Estado e os municípios na reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) realizada na última sexta-feira (9).
A Sesa recomendou às unidades a criação de uma comissão de priorização da agenda cirúrgica para o momento da pandemia. A composição desse grupo deve ser adaptada às características do serviço, mas sugere-se minimamente a participação do diretor técnico do serviço de saúde, cirurgiões, anestesistas, infectologistas e enfermeiros, além da equipe diretiva do serviço de saúde.
Os critérios de prioridade determinados foram:
- Lista de pacientes com procedimentos cancelados e adiados anteriormente;
- Estabelecer critérios de pontuação de prioridade objetiva;
- Priorização de especialidades (câncer, transplante de órgãos, cardíaco, trauma) ou de pacientes em sofrimento (exemplo: dor severa)
Os estágios de escalonamento da retomada serão divididos da seguinte forma:
- Estágio 1 - até 50% dos níveis normais de atividade cirúrgica
- Estágio 2 - até 75% dos níveis normais de atividade cirúrgica
- Estágio 3 - até 100% dos níveis normais de atividade cirúrgica ou o mais próximo possível dos níveis normais de atividade, com segurança
Cuidados necessários contra a Covid-19
As instituições de saúde deverão criar protocolos próprios com base nas recomendações científicas mais atualizadas acerca das práticas de prevenção e controle da transmissão do coronavírus. Esses protocolos devem estar disponíveis para avaliação da Vigilância Sanitária.
Além disso, todos os membros da equipe da sala cirúrgica devem usar equipamentos de proteção individual (EPI’s) e respeitar escala de trabalho que evite aglomeração.
Para os serviços de saúde que possuam recursos disponíveis, recomenda-se realizar a triagem pré-operatória dos pacientes com RT-PCR (teste para detectar a Covid-19) em tempo real, visto que a realização de cirurgias em pacientes positivos com Covid-19 aumenta muito o risco de complicações pós-operatórias.
A data de coleta do RT-PCR deve considerar condições locais de suporte e velocidade do laboratório.
Quando poderá ser feita a cirurgia após a vacinação
Não há registros na literatura científica quanto à necessidade de intervalos entre a vacinação para Covid-19 e a realização de cirurgias. Porém, sugere-se aguardar pelo menos sete dias.
O objetivo é somente evitar confusão quanto às possíveis reações da vacina ou das complicações cirúrgicas, caso surjam sintomas clínicos no paciente.
Monitoramento será mantido
O secretário da Saúde do Ceará, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto, explicou que o novo programa de cirurgias eletivas se deve à melhora dos dados epidemiológicos e assistenciais da Covid-19 e à necessidade de ampliar a capacidade de atendimento.
"É muito importante saber que vamos obedecer aos critérios de prioridades e de tempo de agendamento e marcação das cirurgias. Vamos utilizar a estrutura que ampliamos durante a pandemia, nos hospitais das cinco regiões de Saúde, para realizar o maior número de procedimentos. Nossa meta é zerar a fila, não tem ninguém aguardando cirurgia eletiva no Estado”, afirmou.
A assessora da Secretaria Executiva de Atenção à Saúde e Desenvolvimento Regional (Seade) da Sesa, Cláudia Regina Fernandes, esclarece que, nas unidades estaduais, a retomada ocorrerá de forma monitorada.
"Tudo tem que ser realizado de forma responsável, sendo necessário reabrir ambulatórios, criar fluxos seguros de triagem dos pacientes e seleção dos profissionais para assegurar a proteção quanto à Covid-19 e ainda fazer a articulação com a regulação estadual. A segunda onda da pandemia foi muito pior que a primeira, por isso devemos ser bem criteriosos para esse novo momento”, apontou.