Diante do agravamento da situação da pandemia e da iminência de colapso do sistema de saúde, um novo lockdown foi instaurado em Fortaleza. Anunciado na quarta-feira (3), o novo regime de isolamento social rígido será iniciado nesta sexta-feira (5) na Capital e vai durar 15 dias.
Antes da Capital, cinco cidades do Interior já haviam decretado a medida. As novas restrições, com o fechamento de comércios, academias e igrejas, alimentam um paralelo com o início das recomendações de isolamento no Ceará em 2020, prestes a completar um ano.
Relembre a seguir como foi o primeiro processo de confinamento dos fortalezenses e a reabertura gradual das atividades com a melhora dos indicadores epidemiológicos:
Primeiro decreto de isolamento
Ainda em março, dias após a confirmação dos primeiros casos de coronavírus no Ceará e com o aumento acelerado do número de infectados, o governador Camilo Santana decretou o primeiro período de isolamento no Estado.
Em 20 de março de 2020, bares, igrejas, restaurantes, barracas de praia, shoppings, cinemas, lanchonetes e demais estabelecimentos comerciais não essenciais tiveram de fechar as portas.
Os setores de indústrias e de construção civil também precisaram pausar as atividades. Algumas indústrias se organizaram para ajudar a população, utilizando máquinas e funcionários para confeccionar equipamentos de proteção individual (EPIs) que estavam escassos.
As aulas em instituições estaduais e federais já tinham sido suspensas em 17 de março. O período de suspensão, inicialmente, deveria ser de 15 dias, mas no dia 30 de março, as atividades presenciais nas instituições de ensino públicas e privadas foram proibidas por mais 30 dias.
1º isolamento rígido em Fortaleza
Prestes a atingir a marca de mil mortos pela Covid-19, em 5 de maio de 2020, Fortaleza adotou o primeiro isolamento social rígido. O decreto proibia não só o funcionamento de serviços não essenciais, mas também restringia a circulação de pessoas pela cidade.
Só era permitido sair de casa com a justificativa de se deslocar até um hospital, supermercado, farmácia ou trabalho em setores essenciais. Também passou a ser obrigatório o uso de máscara por todos os cidadãos, não só aqueles que apresentavam sintomas.
O lockdown em Fortaleza durou até o fim do mês de maio. O isolamento foi responsável pela estabilização da velocidade do registro de novos casos, ocasionando um platô na curva de contágio da Capital.
Uma redução discreta de demanda por leitos de enfermarias também foi registrada. Ficou estabelecido pelo Governo que a ocupação dos hospitais seria o principal indicador para o retorno das atividades econômicas.
Abertura gradual da economia
Com os dados mostrando estabilidade no contágio da Covid-19 em Fortaleza, a cidade entrou na fase de transição do plano de retomada gradual da economia em 1º de junho.
A partir desta data, algumas atividades não essenciais foram liberadas, como o comércio de insumos médicos, transporte rodoviário metropolitano e metrô, indústrias e construção civil com capacidade reduzida de trabalhadores, entre outros.
Diferente de como a pandemia é sentida nesta segunda onda, no primeiro pico, ainda em 2020, a Capital foi atingida primeiro.
A cidade era o epicentro do contágio no Ceará e também atingiu o pico de casos antes de outras regiões do Estado. Enquanto a situação de Fortaleza melhorava, a pandemia continuava agravadando no Interior.
Por isso, o plano de retomada foi regionalizado e dividido em fases de abertura. Enquanto Fortaleza estava na primeira fase de abertura a partir do dia 7 de junho, com a volta do funcionamento de shoppings, pelo menos quatro cidades da Região Norte continuavam em lockdown.
Reabertura de restaurantes e igrejas
O setor de alimentação fora de casa voltou a funcionar em Fortaleza no dia 22 de junho, na segunda fase da reabertura. Os restaurantes deveriam respeitar o limite de 40% de capacidade de clientes, funcionando de 9h às 16h e seguindo diversos protocolos de segurança sanitária.
As igrejas e templos religiosos também puderam voltar com 20% da capacidade de fiéis. Apesar disso, a Igreja Católica decidiu retomar atividades presenciais apenas após a quarta e última parte do plano, quando poderia funcionar plenamente.
Na fase três, anunciada no dia 4 de julho, apesar da indicação do plano de que os restaurantes poderiam funcionar à noite, a decisão do governador Camilo Santana foi de manter a abertura desses estabelecimentos apenas durante o dia.
A indústria e o comércio já ganhavam permissão para o funcionamento pleno neste período. A volta do atendimento noturno para restaurantes só aconteceu na quarta fase, no dia 20 de julho.
Retomada de escolas
Apesar de previstas para voltar na quarta fase, as aulas presenciais nas escolas particulares só começaram a ser autorizadas a partir de setembro de 2020. A decisão do Governo não agradou ao setor e manifestações foram organizadas.
As primeiras séries com atividades retomadas foram da educação infantil e creches. As escolas só podiam receber 30% dos alunos e tinham obrigação de continuar ofertando o ensino remoto.
Com o passar dos meses, alunos de mais séries foram permitidos nas escolas particulares. Instituições de ensino da rede pública estadual voltaram a ter aulas presenciais apenas no início do ano letivo de 2021.
No entanto, em 19 de fevereiro de 2021, um novo decreto suspendeu as aulas presenciais em todas as instâncias, com exceção de turmas com alunos de 0 a 3 anos. Novas manifestações foram feitas por donos de escolas particulares.
Toques de recolher e nova onda
O aumento de casos e a transmissão desenfreada do vírus fez com que novos decretos fossem necessários para conter a situação da pandemia no Ceará. Em meio à segunda onda da pandemia, festas de fim de ano e o carnaval foram proibidos.
Celebrações clandestinas, mesmo assim, foram registradas em diversos locais e barradas pela Polícia Militar.
Para diminuir ainda mais a circulação de pessoas nas ruas, um toque de recolher foi estabelecido.
A partir de amanhã, começa uma nova fase para tentar conter o avanço da doença. Só podem circular, até as 20h desta quinta-feira (4), cidadãos que trabalham ou são usuários de serviços essenciais.