As palavras da primeira cearense vacinada contra a Covid-19 no Estado completam seis meses neste domingo (18). Era uma noite de segunda quando a técnica de enfermagem Maria Silvana Reis, 51, recebeu a Coronavac, após meses trabalhando na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Leonardo da Vinci, referência estadual no tratamento da doença.
Não senti nada, nenhuma dor. Não tenham medo de tomar a vacina.
Desde aquela data, mais de 5 milhões de doses foram aplicadas, segundo o vacinômetro estadual; 3,6 milhões de pessoas receberam pelo menos a primeira dose (D1) e, 1,4 milhão estão com o esquema vacinal completo, seja com a segunda dose (D2) ou com a dose única (DU) - novidade prestes a completar um mês.
Destaques da campanha
Esta é uma das campanhas de vacinação mais complexas da história do Brasil. Público-alvo amplo, necessidade de duas doses para a maioria, escalonamento por grupos prioritários, necessidade de agendamento individual…
Independentemente das circunstâncias, um consenso entre especialistas em saúde pública é que o fornecimento de doses em quantidade suficiente e em tempo hábil poderiam minimizar os impactos da pandemia.
Porém, na prática, há escassez de imunizantes e irregularidades na distribuição, que arrastam o processo há meses. Em 2010, por exemplo, grande parte da população cearense foi imunizada contra a gripe A em pouco mais de três meses.
Balanço das chegadas de doses
Desde maio, a imunização deu uma guinada com a chegada de um maior volume de vacinas.
O Governo Federal é responsável pela compra e distribuição das vacinas, além de definir os grupos vacináveis a cada etapa. Os Governos Estaduais armazenam e organizam a logística de distribuição local. Já a aplicação direta cabe aos Municípios.
Para o secretário estadual da Saúde, Dr. Cabeto, a abertura para a população geral permitiu uma aceleração do ritmo de vacinação.
Isso foi uma medida fundamental que o Ceará tomou diferente de outras regiões. A partir do momento em que você simplifica a seleção de pessoas que vão ser vacinadas, fica mais fácil.
O Ministério da Saúde estima que há 6,77 milhões de pessoas no Ceará aptas a tomar a vacina contra a Covid-19, O número considera apenas a população acima de 18 anos porque, embora a vacinação para pessoas de 12 a 17 anos esteja liberada com a Pfizer, ainda não há previsão para o início.
Cobertura vacinal da população
Abaixo, saiba como está a cobertura da população cearense considerando a população autorizada a receber a vacina:
Porém, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) considera que a proteção coletiva é capaz de ter um papel significativo no controle da pandemia quando mais de 70% da população, incluindo crianças e adolescentes, estiver imunizada.
Levando em conta essa projeção, e não apenas a das pessoas acima de 18 anos, o Ceará tem cobertura de 39% com a D1 e 15,2% com D2 e DU.
Thereza Magalhães, epidemiologista, pesquisadora e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), considera o Ceará um dos estados que melhor combateu a pandemia no País, com medidas regionalizadas. Porém, no quesito vacinação, lembra que ele ainda é subordinado ao Governo Federal.
“Esta aquisição se dá via Programa Nacional de Imunização, que é federal. Penso que o Estado poderia ter trabalhado desde o início em parceria com as unidades de atenção primária e também com as universidades para acelerar a vacinação, mas a verdade é que não havia vacina suficiente para isso”, explica.
Até o momento, apenas Guaramiranga vacinou 100% da população adulta. As outras 183 cidades cearenses estão em diferentes etapas da vacinação geral.
Saiba como está o percentual de aplicações em cada município: